Rio (AE) Na semana em que governo e usineiros selaram um acordo para conter o preço do álcool, o produto ficou 4,5% mais caro nos postos brasileiros. De acordo com a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro do álcool hidratado fechou a semana passada a R$ 1,724, em média, no país, ante R$ 1,650 na semana anterior. Dessa forma, a alta para o consumidor alcançou 4,48%. Nas últimas quatro semanas, o avanço do preço do álcool já atinge 9,6%.
No Paraná, o preço médio do produto subiu de R$ 1,724 para R$ 1,801 na semana passada. O reajuste acumulado em quatro semanas chega a 11,86%. Os postos de Curitiba também mexeram nas bombas. O litro do álcool, que era vendido a R$ 1,734, em média, aumentou para R$ 1,792 nos últimos dias.
O reajuste é recebido com surpresa porque, na semana passada, os produtores de álcool se comprometeram a estabelecer um teto de R$ 1,05 por litro para o álcool anidro e de R$ 0,95 por litro de hidratado. Mas, de acordo com os dados semanais do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o preço do hidratado no atacado continua superior ao negociado, cotado a R$ 1,02 por litro, em média, ainda que tenha caído 1% em relação à semana anterior. Já no caso do anidro, o preço médio cobrado pelos produtores caiu 3,7% na semana, atingindo R$ 1,04 por litro, abaixo do teto estabelecido.
Especialistas dizem que a queda do preço do álcool anidro tem efeito, mesmo que pequeno, no preço da gasolina. Por ser uma mistura de 75% de gasolina pura e 25% de anidro, a gasolina vem acompanhando a alta do álcool. Segundo a pesquisa de preços da ANP, o derivado de petróleo ultrapassou os R$ 2,50, em média, no país, na última semana, com alta de 0,96% ante a semana anterior.
O Ministério de Minas e Energia determinou ontem à ANP que intensifique a fiscalização nos postos de gasolina e nas distribuidoras de combustível para verificar "eventuais movimentos especulativos" na comercialização do álcool. Após fechar acordo com os usineiros, o governo quer agora conter uma alta do produto nas bombas e vai discutir com distribuidores e revendedores as margens de lucro que vêm sendo praticadas.
Se ficar comprovado que há abuso nos preços, por exemplo caberá a ANP, segundo o ministério de Minas e Energia, "tomar as medidas legais cabíveis". Ainda não há data marcada para a reunião entre governo e distribuidores e revendedores de álcool, mas a expectativa é de que ela ocorra até sexta-feira.
O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, fez questão de ressaltar, por meio de sua assessoria, que o acordo com o setor produtivo está sendo cumprido. Na semana passada, governo e usineiros fixaram o preço de R$ 1,05 para o litro do álcool anidro nas usinas na entressafra, que termina em abril. Mas a queda ainda não foi repassada para o consumidor.