Os preços do álcool combustível dispararam na semana passada, impulsionados pela demanda internacional por açúcar, pelo excesso de chuvas e também em razão da proximidade da entressafra de cana-de-açúcar. Em todo o país, onde os preços já estavam mais altos nas semanas anteriores, o litro do etanol ficou 5% mais caro, em média. Em Curitiba e no Paraná, o reajuste foi mais forte, de 12% o que equivale a um salto de 17 centavos em apenas sete dias.De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço do álcool nos postos curitibanos ficou em R$ 1,55 entre os dias 4 e 10 de outubro, frente à média de R$ 1,38 da semana anterior. No Paraná, o litro subiu de R$ 1,42 para R$ 1,59 no mesmo período e, na média brasileira, passou de R$ 1,51 para R$ 1,59. Em quatro semanas, os preços avançaram cerca de 15% em Curitiba e no Paraná, e 9% no Brasil.
A recente disparada encerrou um longo período de preços relativamente comportados. Desde o início do ano, o álcool esteve mais barato que ao longo de 2008. Em maio, por exemplo, foi vendido a uma média de R$ 1,25 nos postos de Curitiba quase 10% a menos que um ano antes , e a guerra de preços chegou a derrubar o valor do litro para perto de R$ 1,00 em alguns estabelecimentos. Agora, entretanto, o valor médio na capital paranaense já supera em 9% o cobrado no mesmo período de 2008. Na média estadual, a diferença chega a 10,5%.
O presidente do Sindicombustíveis (representante dos postos do Paraná), Roberto Fregonese, atribui o aumento a três fatores. O primeiro é a quebra da safra de cana na Índia, que elevou os preços internacionais do açúcar e, no Brasil, tornou o produto mais rentável que o álcool. Assim, usinas "flex", com capacidade para fabricar ambos os derivados da cana, deram prioridade à produção de açúcar, limitando a oferta do combustível. "Além disso, o excesso de chuvas no Centro-Sul do Brasil têm impedido o avanço da colheita e a moagem da cana. Por último, no fim de novembro começa a entressafra, e o preço naturalmente sobe."
O diretor da consultoria especializada GTCA, Getúlio Tadeu Chaves, prevê novos aumentos nos próximos meses. "A expectativa é de preços mais altos, com uma compensação em relação aos períodos fracos observados nos últimos dois anos, quando o setor teve prejuízos."
Para Fregonese, do Sindicombustíveis, "se o governo federal não tomar as rédeas, o litro chega fácil aos R$ 2". "Isso pode provocar problemas seríssimos em janeiro, como ocorreu dois anos atrás", diz o dirigente. Em 2007, o governo chegou a reduzir a mistura obrigatória de álcool à gasolina de 25% para 20%, a fim de amenizar a queda na oferta do combustível de cana. Depois o índice voltou aos 25% habituais, mas pode voltar a ser reduzido se a escalada dos preços continuar, avalia Fregonese.
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