HDI: estratégia para manter clientes| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

A seguradora alemã HDI Seguros colocou em prática uma estratégia ofensiva para reter os clientes que conquistou via HSBC Brasil, após a venda da instituição financeira para o Bradesco. O contrato de exclusividade do balcão para a comercialização de seguros acabaria em 2018, mas deve ser encerrado em breve, depois da conclusão do negócio com o pagamento de R$ 16 bilhões feito pela Bradesco no último dia 1.º.

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Essa estratégia será testada na renovação das apólices já contratadas que ocorrerem daqui para frente. João Francisco Borges, presidente da seguradora no Brasil, não detalha, contudo, o passo a passo dessa jornada. Diz apenas que a companhia se preparou para esse momento e que a transição será feita sem prejuízo para os clientes. A HDI detinha exclusividade com o HSBC para a venda de seguros de automóvel, residencial, habitacional (garantia para o crédito imobiliário) e penhor rural.

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“Foi muito bom enquanto durou. Com a parceria com o HSBC, a HDI se consolidou em um patamar diferente no Brasil. Expandimos geograficamente e entramos em novos segmentos como o seguro residencial”, diz o executivo.

Os seguros vendidos via a rede de 851 agências do HSBC no Brasil representam, hoje, cerca de 5% do total de faturamento da HDI. Borges minimiza os efeitos da perda do contrato. Afirma que as outras parcerias que a seguradora possui com bancos como Santander e Banrisul, embora nenhuma exclusiva, têm, juntas, peso semelhante ao contrato perdido. Admite, porém, que nesses mais de dez anos em poder do balcão do HSBC, a HDI dobrou de tamanho no País e entrou em mercados além da região Sul, onde é líder. Antes do HSBC, tinha 380 mil veículos segurados. Hoje, são mais de 1,8 milhão.

Como a parceria vai terminar antes do previsto, a HDI vai receber um valor correspondente ao prazo remanescente. Borges não revela, contudo, a cifra que voltará para as mãos da companhia, que desembolsou R$ 300 milhões pelo canal de agências do HSBC, em 2005. Entretanto, o valor, segundo fontes, é residual, considerando o montante desembolsado pela HDI, que pertence ao grupo alemão Talanx.

Por ora, a parceria segue vigente e a Bradesco Seguros começou a avaliar os contratos que o HSBC detinha em seguros na segunda-feira (04), primeiro dia útil após o pagamento da aquisição do HSBC Brasil. A companhia aguardava o aval dos reguladores e, consequentemente, fazer o pagamento do ativo para que então começasse de fato a integração.

Nova meta

Apesar de ter perdido o balcão do banco inglês no Brasil e ainda ter o desafio de reter os clientes conquistados neste canal, a HDI segue com a meta de abocanhar 10% do mercado brasileiro de seguro de automóvel, sua principal área de atuação no País, segundo Borges. Atualmente, seu market share é de 8,7% neste segmento.

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A meta deveria ser alcançada ao final deste ano, mas a crise no Brasil, conforme o presidente da HDI, atrapalhou os planos da seguradora. Na primeira metade deste ano, a venda de veículos novos encolheu 25,43%, conforme a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Foram 984.599 unidades comercializadas até junho, o menor volume para o período desde 2006. “A crise atrapalhou pra burro. Pesou para todo mundo”, desabafa Borges.

Mesmo com a retração da indústria automotiva, a HDI elevou seus prêmios totais de seguros em mais de 11% de janeiro a maio, totalizando quase R$ 1,2 bilhão, conforme dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O crescimento, justifica o executivo, resulta, em parte, do trabalho de imagem que a seguradora tem feito para ser mais conhecida no Brasil. Ele admite, entretanto, que a HDI ainda precisa melhorar no eixo Rio-São Paulo.

Murilo Riedel, vice-presidente da HDI Seguros, lembra que a companhia também quer crescer em segmentos como, por exemplo, o residencial. Seu objetivo é ter 1 milhão de residências seguradas até 2019. Possui, atualmente, 500 mil. Para isso, conta Riedel, a seguradora está investindo em uma rede de atendimento similar às centrais Bate-pronto para o ramo de automóvel, que atingiram a marca de um milhão de atendimentos no mês passado.

Grandes riscos

Na área de grandes riscos, a seguradora também tem o desafio de ser maior. A operação, que leva o nome que a companhia usa globalmente, HDI Gerling, soma prêmios anuais de ao redor dos R$ 250 milhões. Desses, porém, R$ 100 milhões migraram da HDI Seguros no ano passado, o que influencia a base de comparação de ambas as empresas.

A alemã chegou a fazer duas tentativas de fusão e aquisição (M&A, na sigla em inglês) no Brasil para crescer em grandes riscos, mas sem sucesso. Primeiro, perdeu a carteira do Itaú Unibanco para a americana Ace, hoje Chubb Seguros. De acordo com Borges, presidente da HDI, a rival foi mais agressiva em preço. Na época, ofereceu R$ 1,5 bilhão pelo ativo. Depois, contrariando as expectativas de parte do mercado, a HDI não chegou em um consenso com a Bradesco Seguros para uma joint venture, também em grandes riscos.

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A expectativa de executivos era de que uma eventual parceria prosperasse como contrapartida para a perda do balcão do HSBC, que passou para a seguradora do Bradesco. No fim, porém, a Bradesco Seguros fechou negociação exclusiva com a suíça Swiss Re. Borges não comenta. Diz apenas que a companhia tem boa relação com a Bradesco Seguros.

Com isso, acrescenta o executivo, a HDI segue atenta a oportunidades de aquisição no Brasil. Admite que não há ativos à venda em grandes riscos e que uma eventual compra aceleraria seu crescimento nesta área no País. Enquanto isso não acontece, segue debruçada na sua principal missão que é atender empresas alemães instaladas aqui.