França e Alemanha estão "decididos a fazer o necessário para recapitalizar os bancos para garantir a concessão de créditos à economia", disse neste domingo (09) a chanceler alemã, Angela Merkel, depois de reunir-se com o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Em uma coletiva de imprensa em Berlim junto de Sarkozy, Merkel disse que ambos os países são a favor de "modificações importantes" dos tratados da União Europeia.
O presidente francês, por sua vez, disse que é dever da Europa "resolver seus problemas" antes da reunião do G20, que se celebrará nos dias 3 e 4 de novembro em Cannes (sul da França).
Sarkozy prometeu "respostas duradouras, globais e rápidas antes do fim do mês", para que a "Europa chegue ao G20 unida e com os problemas resolvidos".
A França preside em 2011 o grupo G20, formado pelos países mais ricos e os principais emergentes do mundo, que se reunirão em Cannes.
Num momento em que a crise da dívida, principalmente a grega, ameaça transformar-se em crise bancária, a chanceler alemã Angela Merkel assegurou que Paris e Berlim estavam "decididos a fazer o que for preciso para recapitalizar (os) bancos com a finalidade de garantir a concessão de créditos à economia".
Sarkozy afirmou ainda que o acordo entre os dois países estava "completo", depois que alguns meios de imprensa apontaram divergências.
"Não há economia próspera sem bancos estáveis e confiáveis", declarou.
Segundo o FMI, as necessidades de capitais dos bancos europeus para suportar uma forte desvalorização de seus títulos da dívida grega poderiam alcançar 200 bilhões de euros.
Os dois dirigentes, que insistiram em sua unidade de ponto de vista sobre os diferentes aspectos da crise financeira, evitaram durante todo o domingo um anúncio concreto.
Sarkozy e Merkel propuseram "modificações importantes" aos tratados europeus que vão no sentido de uma maior "integração da Eurozona", sem dar mais detalhes.
Angela Merkel disse que "o objetivo é ter uma cooperação mais estreita e vinculada entre os países da Eurozona" para melhorar o controle dos gastos orçamentários.
Com relação ao Fundo de Emergência da Eurozona, Fesf, que deve ajudar aos países endividados, o presidente francês afirmou que Paris e Berlim haviam "identificado as propostas técnicas para reforçar sua eficácia".
Merkel disse acreditar que a ampliação do Feef, proposta no 21 de julho, seja muito em breve reconhecida por todos os Estados membros", ainda que sua ratificação esbarre na reticência da Eslováquia.
O fundo "deve ter os meios de atuar", disse, abrindo a via para uma nova reforma técnica deste instrumento.
Segundo a imprensa, a França deseja dotar o fundo de uma licença bancária para que este possa apoiar-se no Banco Central Europeu, o que multiplicaria sua capacidade financeira mediante o endividamento.
Sobre a Grécia, que é o epicentro da crise da dívida, a chanceler disse que deseja "uma solução duradoura que assegure a manutenção (do país) na Eurozona". Nenhum dos dois, no entanto, disseram uma só palavra sobre a possibilidade aumentar os 21% previstos como financiamento por parte dos bancos detentores de títulos da dívida do país.
Ambos disseram que não iriam "entrar nos detalhes", que ficaram para a reunião do G20.
Falta saber se este entendimento bastará para tranquilizar os histéricos mercados, em um contexto no qual a crise da dívida já causou a primeira vítima: o banco franco-belga Dexia.
Os governos de França, Bélgica e Luxemburgo chegaram a um acordo neste domingo sobre a cisão do banco, que ainda terá que receber o aval do conselho de administração da entidade.