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Jovem espanhola recebe apoio de seu cão, em meio aos protestos contra a austeridade, em Málaga | Jon Nazca/ Reuters
Jovem espanhola recebe apoio de seu cão, em meio aos protestos contra a austeridade, em Málaga| Foto: Jon Nazca/ Reuters

Opinião

Está tudo interligado

Franco Iacomini, editor de Economia e colunista de finanças pessoais

A crise na Europa. Os juros em queda no Brasil. O dólar nas alturas. Está tudo interligado.

Não é frase de seriado de suspense nem teoria da conspiração – esses eventos estão mesmo correlacionados. A crise europeia reduziu a demanda global por diversas mercadorias e serviços. Isso afeta também o nosso país, e por isso o governo tomou diversas medidas de incentivo ao consumo. Entram nessa conta, por exemplo, as reduções de IPI para eletrodomésticos e a redução dos juros. Mais do que isso: o governo viu nesse cenário uma oportunidade de baixar as taxas proverbialmente altas do país.

Com juros menores e incertezas econômicas mundo afora, investidores internacionais migraram seus recursos para ativos que consideram seguros, em especial títulos do governo americano. Essa mudança fortaleceu o dólar mundo afora. Aqui, em especial, a saída de recursos alterou o equilíbrio entre oferta e demanda de moeda. Resultado: aumento nas cotações.

Está tudo interligado.

O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro teve crescimento nulo no primeiro trimestre, após recuar no final do ano passado, segundo dados divulgados ontem. Os 17 países da região escaparam por um triz da recessão graças a um crescimento de 0,5% na economia alemã, acima do que esperavam os observadores.

Os dados revelam uma zona do euro caminhando em duas velocidades: o setor exportador da Alemanha guiando o norte do continente num movimento de alta, enquanto uma recessão mais profunda afeta a Itália. Já a Grécia vem sofrendo algo semelhante a uma depressão. "Há uma divergência crescente na zona do euro, com contrações particularmente acentuadas nos países periféricos que precisam fazer reformas mais estruturais, enquanto a Alemanha se destaca", disse Joost Beaumont, do ABN Amro em Amsterdã.

"A Alemanha está guiando o bloco, mas isso não significa que teremos recuperação forte.As economias do sul da Europa estão realmente em dificuldade", dis­se o economista sê­­nior do Saxo Bank, Mads Koefoed. "Es­tamos olhando para algo entre estagnação e crescimento muito pequeno em 2013."

Embora a estagnação da zona do euro tenha oferecido pouco ânimo, ainda foi melhor do que a contração de 0,2% que a maioria dos economistas esperava. Dois trimestres sucessivos de retração do PIB teria marcado a segunda recessão desde 2009.

Importa?

"A zona do euro evitou uma recessão técnica por pouco, mas isso realmente importa?", questionou Kenneth Wattret, analista do BNP Paribas. "O quadro permanece muito desafiador."

Especialistas apontam que os indicadores antecedentes divulgados até agora sinalizam deterioração econômica, algo que será agravado pela turbulência financeira. "Os números do PIB hoje são uma boa notícia, mas as perspectivas continuam extremamente incertas e a visibilidade está baixa no curto prazo", disse Marco Valli, economista do UniCredit, que irá revisar em baixa as projeções para o bloco.

Os temores saída da Grécia da zona do euro impõem grande cautela em razão do efeito dominó sobre os demais países do bloco. "Os riscos de contágio são potencialmente muito grandes", disse Wattret. A esperança, afirmou, é que as lideranças europeias tenham consciência dos perigos e atuem para evitar o pior.

Saques ameaçam bancos da Grécia

Agência Estado

Os gregos sacaram 700 milhões de euros dos bancos locais na segunda-feira, disse o presidente da Grécia, Karolos Papoulias, segundo transcrição de declarações feitas por ele em uma reunião com líderes políticos. Somados às ordens de compra de títulos alemães recebidos pelos bancos gregos, os saques somaram cerca de 800 milhões de euros ontem.

Citando uma conversa que teve com o presidente do Banco Central da Grécia, George Provopoulos, Papoulias disse "que os bancos estão muito enfraquecidos neste momento". As instituições gregas vêm registrando uma queda constante nos depósitos desde o começo da crise de dívida do país, em 2009. Nos últimos dois anos, a saída mensal de depósitos do sistema bancário grego foi de 2 bilhões a 3 bilhões de euros, em média, embora em janeiro deste ano esse volume tenha atingido o recorde de 5 bilhões de euros.

Os dados mais recentes do banco central da Grécia mostram que os depósitos totais mantidos por residentes e empresas domésticas no sistema bancário local estava em 165,36 bilhões de euros em março deste ano.

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