A Alemanha arrecadou cerca de € 100 bilhões (US$ 109 bilhões) desde 2010 graças à crise econômica da Grécia, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Leibniz, de Berlim. O levantamento considerou que o valor representa a poupança da Alemanha obtida através das baixas taxas de juros sobre os seus títulos. Essa política monetária só foi possível graças à fuga de investidores da Grécia, que escolheram migrar o capital para a economia alemã, mais sólida e segura, e comprar títulos do governo.
O benefício dos alemães foi “desproporcional”, de acordo com o relatório, devido à redução da taxa de juros da Alemanha de 3% para menos de 1%, medida que permitiu que o país economizasse mais de 3% do PIB por pagar menos aos investidores. “O orçamento equilibrado da Alemanha se deve amplamente ao resultado dos pagamentos de juros baixos devido à crise da dívida europeia”, diz o relatório.
O instituto observou ainda uma conexão entre a flutuação dos juros e os acontecimentos da crise econômica europeia. Quando más notícias abalavam o mercado, os juros alemães caíram, como quando o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras decidiu fazer um referendo sobre a continuidade das políticas de austeridade, em junho. Por outro lado, os juros subiam quando havia boas notícias vindas da Grécia.
Mesmo se a Grécia desse um calote na Alemanha, o país germânico se sairia bem. Isso ocorreria porque o montante obtido com a política de flutuação de juros (€ 100 bilhões) é superior à dívida grega, que é de € 90 bilhões - incluindo o pacote que está sendo negociado atualmente. A constatação do Instituto Leibniz contrasta com a postura do ministro das Finanças alemão Wolfgang Schäuble. Em julho, ao admitir a necessidade da reestruturação da dívida grega, negou que o valor seja reduzido:
“A sustentabilidade da dívida não é possível sem um corte, e acredito que o FMI (Fundo Monetário Internacional) está certo quando diz isso”, afirmou, em entrevista. “Mas não pode haver corte, pois isso infringiria nas regras da União Europeia”.
De acordo com o estudo feito pelos economistas Gregor von Schweinitz, Geraldine Dany e Reint E. Gropp (ex-economista do FMI e do Banco Central Europeu e presidente do Instituto Halle de Pesquisas Econômicas, membro da Leibniz Association), os títulos de outros países — incluindo França, Holanda e Estados Unidos — também se beneficiaram da crise, porém, em menor escala.
Por enquanto, o governo alemão não comentou o resultado do estudo.
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