A chanceler Angela Merkel, da Alemanha, proporá em dezembro uma alteração no Tratado da União Europeia com o objetivo de colocar mais ênfase nas regras de estabilidade da zona do euro que dariam à Comissão Europeia inclusive o direito de rejeitar propostas nacionais de orçamento, afirmou ontem o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble.
Na véspera de uma reunião de ministros das Finanças da zona do euro, o ministro disse ainda que, para assegurar que os países mantenham o endividamento dentro do limite de 60% do PIB, a Alemanha proporia que os integrantes estabelecessem um fundo para administrar qualquer grau de endividamento acima dessa proporção. Ele salientou que a dívida do fundo de cada país seria substancialmente paga com os próprios recursos do devedor.
Em 8 de dezembro, antes do encontro oficial dos chefes de governo dos 27 países da União Europeia, um jantar informal servirá para discutir mudanças nos tratados do bloco, de acordo com uma fonte. Ela acrescentou que a reunião ajudará a garantir mais tempo para debater questões críticas, como a estabilização dos bancos europeus, a contenção da crise das dívidas soberanas e a integração fiscal da zona do euro.
Fundo de resgate
Os principais índices das bolsas europeias fecharam em forte alta ontem após notícias de que os líderes da região estavam progredindo nas discussões para lidar com a crise da dívida na zona do euro. Os traders digeriram várias reportagens relacionadas à crise na zona do euro. Uma matéria do Wall Street Journal afirmava que autoridades de França e Alemanha devem chegar a um acordo sobre um novo pacto de estabilidade para conter a crise, e a Reuters informou que funcionários concordaram sobre um rascunho com regras operacionais para o Fundo de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês), a linha de ajuda da zona do euro.
Justin Urquhart Stewart, cofundador da Seven Investment Management, disse que os problemas no leilão de bônus do país na semana passada "começaram a forçar a tomada de decisões", com a crise se aproximando da Alemanha. Um resultado ruim de um leilão de títulos de dez anos alemães assustou os mercados na semana passada.
Grécia inicia conversa com bancos sobre desconto na dívida
Agência Estado
O Instituto Internacional de Finanças (IIF) divulgou, em um comunicado, que formou um comitê para negociar com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Grécia a respeito dos detalhes de um plano que reduziria pela metade o valor de face da dívida grega detida pelo setor privado. "Os presidentes do Comitê de Direção são Charles Dallara, diretor-gerente do IIF, e Jean Lemierre, assessor do presidente do conselho do BNP Paribas", afirmou a entidade, acrescentando que representa um grupo que corresponde à maioria dos detentores de títulos gregos no setor privado.
"Nosso trabalho terá como ponto de partida o acordo voluntário firmado em Bruxelas, que prevê uma redução de 50% no valor nominal da dívida do governo da Grécia detida pelos credores privados e a provisão de um auxílio oficial da zona do euro, de 30 bilhões de euros, para melhorias de crédito relacionadas ao envolvimento do setor privado", acrescentava o comunicado. O comitê montado pelo IIF reuniu-se em Bruxelas ontem e pretende chegar a um acordo o mais rápido possível, segundo o órgão.