A Alemanha, maior economia da União Europeia, tem sugerido em encontros em Bruxelas que o bloco se reúna para discutir um novo tratado que leve a maior unidade entre seus membros. A informação foi divulgada hoje pela publicação semanal Der Spiegel, que aponta que Angela Merkel, chanceler alemã, vê nessa medida uma saída para solucionar a crise europeia.
Merkel espera que líderes europeus concordem, durante encontro em dezembro, em estabelecer uma data para a convenção que discutirá esse possível novo tratado. É uma bandeira já defendida pelo país germânico, mas que encontra forte resistência de outros membros, que discordam que o controle de questões hoje nacionais, como orçamento, seja transferido a instituições europeias. A Alemanha acredita que, com a união fiscal e política, será possível garantir que os membros do bloco organizem suas finanças e devolvam à moeda única a estabilidade.
Países como França e Holanda temem que essa proposta, caso aceita, leve a uma nova rodada de discussões como aquela vista entre 2001 e 2005, quando foi discutida a criação de uma Constituição europeia rejeitada. Qualquer novo tratado terá de ser aprovado por referendo em países como Irlanda, e também pode levar a pressão interna no Reino Unido para a saída completa do bloco.
Armadilha
A Alemanha também protagonizou ontem outra discussão a respeito da crise europeia. Jens Weidmann, presidente do Bundesbank (BC alemão) fez uma advertência ao Banco Central Europeu contra o início de um novo programa de compra de dívida pública. Para Weidmann, esse tipo de financiamento pode levar ao "vício", como uma droga. "Uma política desse tipo é, para mim, próxima ao financiamento estatal mediante a máquina de imprimir dinheiro", afirmou ao Der Spiegel. Para o presidente do Bundesbank, em uma democracia cabe aos Parlamentos, e não aos bancos centrais, efetuar "uma tão ampla mancomunação dos riscos".
Weidmann afirmou que não há risco imediato de haver inflação na zona do euro, mas que, caso a política monetária seja manipulada para se converter em solução política, será relegada cada vez mais ao segundo plano. Assim, o Banco Central Europeu não deve, para o presidente do Bundesbank, se comprometer a garantir a permanência da Grécia na zona do euro "a qualquer custo".
O governo austríaco, por sua vez, adotou ontem posição mais amigável em relação à Grécia. Werner Gaymann, chanceler da Áustria, afirmou que o governo grego deveria ter "dois ou três anos" a mais para pagar suas dívidas desde que mantenha suas reformas fiscais.