A Alemanha rejeitou ontem uma proposta grega para a extensão por seis meses de seu acordo de empréstimo com a zona do euro, dizendo não ser "uma solução substancial" porque não compromete Atenas a cumprir as condições de seu resgate internacional.
A postura de Berlim descrevendo o pedido grego cuidadosamente redigido como um "cavalo de Troia" para fugir de compromissos montou o cenário para as difíceis negociações dos ministros das Finanças da zona euro em uma reunião hoje. O novo governo de esquerda da Grécia está correndo para evitar ficar sem dinheiro dentro de semanas e vai enfrentar pressão para fazer mais concessões em Bruxelas.
Como o maior credor da União Europeia, a Alemanha tem cacife para bloquear um acordo e deixar a Grécia à deriva sem uma linha de financiamento, potencialmente empurrando o país em direção à saída da zona euro. No entanto, autoridades de outras capitais europeias viram a resposta alemã como uma postura tática e preveem um acordo até o fim de semana, depois de mais disputas.
Uma autoridade grega disse que o primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras, teve uma conversa telefônica de 50 minutos com a chanceler alemã, Angela Merkel, ontem, possivelmente a primeira interação importante entre os dois líderes desde que o atual governo de Atenas foi eleito, em 25 de janeiro.
"A conversa foi realizada em um clima positivo, orientada no sentido de encontrar uma solução mutuamente benéfica para a Grécia e a zona do euro", disse a autoridade. Um porta-voz alemão confirmou a conversa, mas não quis comentar sobre o conteúdo.
Negociações
Mais cedo, o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, apresentou formalmente o pedido de prorrogação do empréstimo, após dias de negociações reservadas com a Comissão Europeia e o presidente do Eurogrupo de ministros de Finanças do bloco monetário.
Enquanto as autoridades em Bruxelas, Paris e Roma receberam bem o esforço do governo grego, eleito com uma plataforma antiausteridade, para encontrar uma fórmula viável, autoridades alemãs disseram que a proposta está cheia de lacunas, sem compromisso de respeitar os termos do resgate. O porta-voz do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, disse que a proposta grega não cumpria os critérios acordados pelo Eurogrupo.