BMW, Daimler e Audi anunciaram medidas surpreendentes para muitos: vão ampliar suas fábricas para conseguir atender aos pedidos recordes. Dois anos depois do auge da pior crise econômica desde a era Hitler, a Alemanha dá sinais claros de que já deixou a crise no passado.

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Depois de registrar seu maior crescimento do PIB desde a reunificação em 1991, ontem foi a vez da confiança do setor privado sofrer a maior alta já registrada. As exportações para países emergentes e a volta do consumo doméstico estão impulsionando a economia alemã. Mas também revelando um lado obscuro da Europa: a existência cada vez mais acentuada de um bloco em duas velocidades.

Em 2010, a economia alemã cresceu 3,6%, bem acima de todas as demais da UE. Para economistas alemães, a explicação para o bom desempenho é simples. O modelo é baseado nas exportações e, com a importação de emergentes em alta, a economia alemã conseguiu resistir. O desemprego ficou em 7% e permitiu que o consumo interno fosse fortalecido.

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Mas se o crescimento da Alemanha está sendo visto como um alívio para muitos na Europa, a expansão também escancara uma realidade que a UE evita falar: a existência de duas europas. Se a Alemanha cresce, países como Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha e até Itália continuam sofrendo. Só a taxa de desemprego na Espanha, por exemplo, é três vezes superior à da Alemanha.

Para governos de países que enfrentam crises profundas, essa disparidade entre a Alemanha exportadora e suas economias cada vez menos competitivas é o que está ameaçando a Europa. Por anos o saldo positivo na balança comercial alemã foi garantida graças ao consumo de espanhóis, gregos e irlandeses, hoje altamente endividados.