O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia (MME), atacou o governo da França por impor restrições supostamente ambientais ao Brasil para concretizar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Ele disse que as medidas pedidas pelos franceses para o controle da venda de produtos oriundos de áreas de desmatamento e críticas à participação do país no fórum dos produtores de petróleo são uma “camisa de força”.
As falas de Silveira foram dadas ao final do leilão das linhas de transmissão de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), nesta sexta (15), em São Paulo.
“A França não tem petróleo, então ela pode fazer um discurso politicamente correto na visão dela contra o petróleo. Mas, ela explora petróleo no mundo inteiro, inclusive no Brasil, e quer, muitas vezes, pressionar o Brasil e pressionar os países do Sul Global, colocando barreiras, como nós estamos tendo dificuldade agora, na relação do Mercosul e da União Europeia”, afirmou em entrevista à Folha de São Paulo publicada neste sábado (16).
Silveira diz que o Brasil participou da COP28 de Dubai sob fortes críticas por conta do convite – e adesão – à OPEP+, o grupo estendido da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, de que não fazia sentido o país pregar a sustentabilidade ambiental e aceitar participar de um fórum sobre energias fósseis.
Ele criticou este discurso e afirmou que a exploração destes recursos fósseis será de grande importância para a transição energética. Além do petróleo, diz, o Brasil vai explorar mais gás natural e minerais críticos usados na fabricação de baterias de veículos elétricos.
“Queriam colocar o Brasil em uma camisa de força ambiental. Nós não podemos participar dessa camisa de força. O Brasil precisa ainda explorar, de forma adequada e equilibrada, petróleo, minerais críticos, até porque a transição energética vai demandar minerais como lítio, cobalto”, ressaltou.
Alexandre Silveira destacou que o convite da OPEP+ para a participação do Brasil mostra que o país está conquistando respeito entre os “países do Sul Global” e das nações industrializadas para opinar e representar um papel importante nas políticas de transição energética.
O convite “mostrou que o Brasil tem musculatura para discutir com altivez a sua matriz energética”. O ministro afirmou, ainda, que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) vai aprovar, na próxima terça (19), um grupo de trabalho para a aplicação de políticas nacionais de transição energética que serão enviadas ao Congresso.
São planos, segundo ele, capazes de atrair indústrias internacionais para que “essa sustentabilidade seja exportada através de produtos manufaturados. Ou seja, que seja respeitado e que seja mais vigoroso o nosso conteúdo local, e não que a gente exporte água e energia para outros países”.
Ainda na sexta (15), a Petrobras anunciou um acordo para ampliar a importação de gás natural da Bolívia flexibilizando o atual volume máximo de 20 milhões de m³ por dia de acordo com a sazonalidade e a disponibilidade da oferta.
“Garantindo assim o fornecimento em equilíbrio contratual para as empresas e a possibilidade de venda adicional de gás pela YPFB para outros importadores brasileiros”, completou a estatal brasileira.
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