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Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticaram o Banco Central pela interrupção do ciclo de cortes da taxa básica de juros. Apesar da pressão do governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a Selic em 10,50% ao ano. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a direção da autoridade monetária não vai “conquistar credibilidade” fazendo o “jogo do mercado”.
“Não há justificativa técnica, econômica e muito menos moral para manter a taxa básica de juros em 10,5%, quando nem as mais exageradas especulações colocam em risco a banda da meta de inflação. E não será fazendo o jogo do mercado e dos especuladores que a direção do BC vai conquistar credibilidade, nem hoje nem nunca”, disse Gleisi no X.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que a decisão “é uma sabotagem a todos os esforços do governo Lula para o crescimento do Brasil”. Já o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse que a atuação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, “não tem sido técnica e muito menos independente”.
Para o senador, a determinação sobre a Selic “favorece especuladores e financistas e sabota o país”. “Erraram todas as projeções de inflação e também a origem da inflação. Não temos inflação de demanda e a própria inflação está dentro da meta. A decisão de hoje do Copom, mantém o Brasil como um dos maiores juros reais do mundo”, afirmou.
Randolfe disse ainda que a decisão “retrai o crescimento, prejudica a geração de empregos e onera as contas públicas”. Na mesma linha, Guimarães apontou que a manutenção da Selic "restringe o crédito e o consumo".
A decisão unânime pela interrupção do ciclo de cortes na taxa de juros mostrou a coordenação dos diretores do BC na defesa da meta da inflação. Em nota, o Copom alertou que "se manterá vigilante" e que "eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
Deputado critica votos de indicados por Lula ao BC
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que Campos Neto é um “político bolsonarista”, que tem o “intuito de sabotar” o governo Lula. O parlamentar criticou a unanimidade do Copom. “Quero, inclusive, lamentar a unanimidade, que alguns diretores indicados pelo nosso governo tenham se acanhado com a pressão do mercado, pressão que não se justifica”, afirmou em vídeo compartilhado no X.
Em maio, quando a autoridade monetária reduziu o patamar de cortes, o colegiado opôs os indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por Lula. Os indicados por Bolsonaro são Campos Neto, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Já Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira foram nomeados por Lula.
Farias ressaltou que “não é função do BC cuidar da política fiscal”. Mais cedo, o Copom afirmou, em nota, que “uma política fiscal crível” contribui para a “ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.