Apesar de farinha de trigo, leite e manteiga terem encarecido a cesta básica de Curitiba em julho, seus 13 produtos têm deflação de 1,81% graças às variações negativas do tomate (-21,5%) e da batata (16,4%). Estes últimos são recordistas em flutuações por conta de alterações de safra. No momento, há muita oferta, o que derruba o preço.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconomicos (Dieese) fez simulação de qual seria a variação da cesta desconsiderando-se a queda de preço de tomate e batata. Verificou que ela teria subido 1,2%.
No mês passado, a batata vendida em Curitiba foi a mais barata do Brasil. Mesmo assim, o preço está R$ 0,20 mais alto que a média histórica do mês. O quilo, que chegou a custar R$ 1,70 em maio, saiu em julho R$ 1,32, mas custava R$ 1,11 no mesmo mês do ano passado. O preço do café também caiu 7% pela perspectiva de redução da oferta nos próximos meses.
O leite é o item que mais espanta o consumidor neste inverno. De março a julho, o litro de tipo C subiu 41,6%, chegando a R$ 1,53 devido à degradação de pastagens pela geada e frio intenso, que afetam a produção do gado.
O feijão ficou quase 7% mais caro por quebra de safra, e o preço da farinha subiu 2,3%. Pode subir mais, pelo casamento entre redução na expectativa de safra e problemas com o mercado argentino. "O problema é que não somos auto-suficientes na produção de trigo e qualquer alta na cotação afeta o preço", explica o economista do Dieese, Sandro Silva.
Para agosto ele mantém a tendência de alta dos sete produtos cujo preço aumentou em julho, que incluem ainda arroz, soja e açúcar. A carne já aumentou nas outras 15 capitais pesquisadas. "Vai depender do clima, se continuar a esquentar pode não subir tanto", diz Sandro.
A cesta básica de Curitiba foi a 6.ª mais cara do país em julho (R$ 167,85) mas registrou a terceira maior deflação. No acumulado do ano o valor está praticamente estável (-0,08%). Nos 12 meses, tem alta significativa de 6,3%.
A maior alta do mês foi registrada em João Pessoa (7%) e a maior queda, em Fortaleza (-4%). Das 16 capitais pesquisadas, 9 registraram alta de preço, influenciadas por carne e leite.