Produtos agropecuários e alimentos mais caros no atacado e no varejo levaram ao término da deflação na segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que passou de -0,21% para 0,33% de julho para agosto. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, há uma sinalização nítida de que os aumentos de preços das matérias-primas brutas agropecuárias, as commodities, estão mais "relativamente espalhados" no atacado. Isso leva a um repasse destas elevações para o setor de alimentação no varejo.
De acordo com Quadros, as matérias-primas agropecuárias saíram de um recuo de 1,51% para um avanço de 1,61% de julho para agosto. Um dos destaques foi o comportamento da soja, produto agrícola de maior peso no cálculo da inflação atacadista e que saiu de uma queda de 2,44% para uma alta de 1,74% no período.
A mudança de trajetória nos preços das matérias-primas brutas agropecuárias puxou para cima os preços dos alimentos processados no atacado, que estavam com desvalorização (de -1 05% para 3,07%).
Quadros lembrou que os alimentos industrializados têm participação importante na formação de preços industriais. "Foi isso que levou ao fim à deflação de produtos industriais no atacado (de -0,07% para 0,14%)", afirmou.
No varejo, o cenário foi suficiente para que os preços dos alimentos caíssem menos (de -0,85% para -0,13%). Isso permitiu o término da deflação percebida pelo consumidor (de -0,11% para 0 08%) de julho para agosto. "Os preços dos alimentos devem parar de cair no varejo, e voltar a subir. Este comportamento vai continuar a pressionar o indicador de varejo em setembro", alertou.
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