Lula festejou com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco a promulgação da PEC da reforma tributária, no final do ano passado.| Foto: Ricardo Stuckert/Secom
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A alíquota-padrão do IVA, o Imposto sobre Valor Agregado que será criado pela reforma tributária, pode disparar dos atuais 26,5% para 28% e se tornar a maior do mundo segundo estimativas de mercado. Cálculos a que o jornal O Globo teve acesso e um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que a taxa será a maior entre os países que fazem parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), também conhecida como “clube dos ricos”.

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Este aumento se dá por conta da lista de itens que terão isenção ou redução do percentual cobrado aprovada pela Câmara dos Deputados no começo de julho, e que agora está sendo discutida pelo Senado. Os senadores vêm promovendo audiências públicas para tratar da regulamentação da reforma tributária, vista com "problemas seríssimos" por alguns deles.

A Gazeta do Povo procurou o Ministério da Fazenda para comentar a nova estimativa e foi informada de que a pasta “não irá falar sobre o assunto até a divulgação da estimativa de impacto das mudanças feitas pela Câmara”.

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Segundo apurou o jornal O Globo com pessoas ligadas à equipe econômica, o ministério está fechando os cálculos que devem ser divulgados junto com a tramitação do texto pelo Senado. Se a estimativa se confirmar, a alíquota-padrão brasileira será maior até mesmo que a da Hungria, atualmente em 27%.

Entre os itens que mais pesaram no aumento da taxa foi a inclusão da carne entre os alimentos da cesta básica isentos da tributação. Também entraram a ampliação da alíquota reduzida de 60% para todos os medicamentos e o aumento do benefício tributário ao mercado imobiliário.

A CNI já afirmava quando a regulamentação foi aprovada pela Câmara que a alíquota-padrão subiria de 26,5%, como inicialmente estimado pelo governo federal, para aproximadamente 28%. Ricardo Alban, presidente da entidade, apontou na época que “mesmo que seja meritória a intenção do dispositivo introduzido no texto aprovado, a medida pode não ser efetiva para conter o aumento da alíquota”, em referência a um limitador aprovado na proposta.

“Isso devido à ampliação das exceções já realizada e a dificuldade política de, futuramente, aprovar projeto de lei complementar que retire bens e serviços das listas de exceções”, ressaltou.

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Para a confederação, a ampliação das listas, inclusive daquelas em que não se aplica o regime geral de débito e crédito do IVA, “mantém um sério problema do atual sistema: a dificuldade de classificação fiscal dos bens e serviços, que representa fonte relevante de litigiosidade, indo na contramão do que se pretende com a reforma tributária”.

A CNI aponta, ainda, que outro ponto negativo resultante da ampliação das exceções são as distorções econômicas, sobretudo porque as exceções comprometem a neutralidade do sistema tributário e, consequentemente, tornam menos eficiente a alocação dos recursos produtivos.

“Temos que ser mais justos para ter a menor alíquota possível. Vai ser o exercício do possível, e não do desejável. O desejável seria 20%, 19%. Mas vamos fazer o possível”, disse recentemente o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que defendeu também que a votação fique para depois das eleições municipais.

Já o senador Omar Aziz (PSD-AM) criticou o aumento da alíquota e afirmou que “não tem condições, temos que tentar reduzir”. “Alguns setores que estão sendo beneficiados, vamos ter que olhar aí”, completou.

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