A América Latina Logística (ALL), maior empresa privada de serviços de logística da América Latina, com sede em Curitiba, registrou prejuízo de R$ 15,7 milhões no primeiro trimestre do ano. Em janeiro, a empresa integrou suas operações com as da Brasil Ferrovias, adquirida em maio do ano passado. O balanço consolidado, divulgado ontem ao mercado, mostra que a ALL conseguiu reduzir custos e melhorar a operação da Brasil Ferrovias. O resultado combinado das duas empresas no primeiro trimestre do ano passado seria um prejuízo de R$ 79,7 milhões, 80,4% maior que o registrado nos três primeiros meses deste ano.
Entre os motivos para o resultado negativo neste trimestre, está o crescimento das despesas financeiras líquidas, que passaram de R$ 105,7 milhões no ano passado para R$ 130,7 milhões este ano. De acordo com o diretor de Relações com os Investidores da empresa, Rodrigo Campos, contribuiu para isso o aumento do endividamento da ALL, resultado do aporte de R$ 700 milhões para reestruturação da Brasil Ferrovias assim que ela foi comprada. "Foram aproximadamente R$ 400 milhões em reestruturação e mais R$ 300 milhões em investimentos. Isso acabou aumentando o endividamento da ALL", afirmou Campos.
Além disso, houve uma mudança contábil este ano, já que a Brasil Ferrovias adotava critérios diferentes dos da ALL para contabilizar algumas despesas. Este ano, foi preciso adotar o mesmo critério, o que fez crescer as despesas financeiras.
O diretor diz ainda que "o fato de a ALL ter um lucro líquido negativo ainda reflete o período de entressafra agrícola". O segundo e terceiro trimestres do ano costumam proporcionar resultados bem melhores por conta da safra de grãos, cujo transporte costuma ter início em março.
Ainda assim, a empresa comemorou o crescimento de 60,8% no Ebitdar (o indicador representa o lucro antes de despesas financeiras, incluindo aquelas resultantes do aluguel de vagões). A comparação é feita com igual período do ano passado.
O Ebitdar saltou de R$ 121,4 milhões para R$ 195,3 milhões no primeiro trimestre deste ano. Embora ele não represente lucro, e portanto não signifique distribuição de dividendos aos acionistas, o diretor Rodrigo Campos ressalta que ele tem impacto no lucro líquido. "Tanto é que aumentamos em quase R$ 74 milhões o Ebitdar e reduzimos em R$ 64 milhões o prejuízo", afirma.
Outro destaque do balanço é o aumento na carga de retorno aquela transportada na volta do trajeto percorrido para o escoamento da safra. Ela é basicamente formada por fertilizantes, que cresceram 130% na comparação com o primeiro trimestre de 2006. "Menos vagões estão voltando vazios. Isso aumenta bastante a nossa margem", comemora Campos.
Por fim, a empresa destaca o processo de integração entre a ALL e a Brasil Ferrovias, que teve início em janeiro. "O mais importante é que este processo está melhorando. Já melhorou muito no primeiro trimestre e certamente vai melhorar mais no futuro."