A América Latina Logística (ALL), empresa do setor de transportes com sede em Curitiba, está na disputa pelo controle acionário da Brasil Ferrovias, malha que liga o Centro-Oeste ao porto de Santos. A concessionária confirmou a entrega da proposta de compra ontem, último dia para que as empresas apresentassem suas ofertas, mas não divulgou o valor oferecido. A ALL é apontada com uma forte candidata por ter bom fôlego financeiro. O faturamento bruto da companhia foi de R$ 1,25 bilhão no ano passado, período em que teve um lucro líquido de R$ 171 milhões 14% superior aos R$ 150 milhões obtidos em 2004.
O interesse pela Brasil Ferrovias é estratégico. A ALL vê na aquisição a chance de ampliar suas operações, hoje centradas na área de grãos no Sul do país. Está à venda o controle de dois corredores logísticos, administrados pela Ferronorte e Ferroban e pela Novoeste Brasil. Trata-se da maior negociação do setor ferroviário no país, desde a privatização da Rede Ferroviária Federal, em 1997.
Caso ganhe a disputa, a ALL será detentora de um megacorredor logístico. A concessionária já administra uma malha férrea de 16.397 quilômetros de extensão, cobrindo o Sul de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e a região central da Argentina.
Além da ALL, a MRS Logística, que opera a malha Sudeste, é apontada como forte candidata ao controle da Brasil Ferrovias. A empresa entrou na disputa pelo corredor de bitola larga, de 1,5 mil quilômetro, que interliga o Mato Grosso do Sul ao maior porto brasileiro. Para a MRS, a aquisição representa a oportunidade de diversificar sua área de atuação. Hoje 70% da carga da companhia é de minério de ferro. A MRS não confirmou interesse na compra do corredor de bitola estreita da Novoeste, com quase 2 mil quilômetros de extensão, vendido separadamente.
A venda do controle dos ativos da Brasil Ferrovias é coordenada pela consultoria Angra Partners, de São Paulo. Segundo a companhia, a relação das empresas interessadas pela negociação deve ser divulgada hoje. A venda da Brasil Ferrovias ocorre dez dias após a companhia ter falência judicial decretada. A decisão, no entanto, foi revertida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo na semana passada.
A empresa domina estradas de ferro tidas como das mais estratégicas para o país, uma vez que por seus trilhos são escoados para a exportação de madeira, minério e grãos produzidos na região Centro-Oeste. Além disso, a companhia teve o caixa turbinado no ano passado, quando foi capitalizada com R$ 1,1 bilhão no ano passado pelo BNDES e pelos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal).
Por outro lado, o mercado parece não ter ficado plenamente convencido de que problemas de gestão tenham sido superados apenas com o aporte. A Brasil Ferrovias, à época da capitalização, tinha dívidas em torno de R$ 1,6 bilhão e vinha de sucessivos resultados negativos.
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