A América Latina Logística (ALL) terá de dobrar, nos próximos cinco anos, o volume transportado na malha ferroviária da antiga Brasil Ferrovias, concessionária adquirida pela companhia paranaense em maio do ano passado. A meta faz parte de um termo de compromisso de desempenho preparado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão de defesa da concorrência ligado ao governo federal. Assinado pela ALL na última quarta-feira, o termo foi uma das exigências impostas pelo Cade para aprovar a compra da Brasil Ferrovias que custou cerca de R$ 3 bilhões à ALL, incluindo dívidas.
Em 2006, a Brasil Ferrovias transportou 9,273 milhões de toneladas por quilômetro útil (TKU), o que significa que até 2012 esse volume precisa chegar a quase 18,6 milhões de TKU. A ALL informou que, pelas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não pode divulgar a comparação entre os volumes transportados apenas pela Brasil Ferrovias nos primeiros semestres de 2006 e 2007. Mas disse que, ao seguir os parâmetros aplicados em sua "malha sul" (Região Sul do país) será "fácil" cumprir a exigência do Cade "na malha norte" (São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais).
Pelo balanço trimestral divulgado na quinta-feira, a meta não parece distante. A ALL diz ter reduzido o número de acidentes e de falhas nas locomotivas, o que permitiu aumento de eficiência e de volumes transportados na malha norte, que ainda tem grande potencial de crescimento. No total, a operação brasileira da ALL transportou 15,5 bilhões de TKU no primeiro semestre, com crescimento de 5% sobre o mesmo período de 2006.
De acordo com o balanço, a aplicação dos métodos de gestão da ALL na Brasil Ferrovias está dando resultado. Graças a cortes de pessoal e redução de custos fixos na malha norte que tinha uma estrutura considerada muito pesada a ALL conseguiu no trimestre passado fechar no azul pela primeira vez desde que comprou a Brasil Ferrovias. O lucro líquido de R$ 51,8 milhões registrado entre abril e junho reverteu o prejuízo de R$ 15,7 milhões dos três primeiros meses de 2007 e o saldo negativo de R$ 2,4 milhões do segundo trimestre de 2006.