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Alô? É da Coreia do Norte?

O líder norte-coreano Kim Jong-Il (no centro da primeira fileira), em uma solenidade com militares, em Pyongyang. Vigilância do país não impediu que redes de informantes, baseadas em telefones celulares, vazassem informações sobre o país | AFP
O líder norte-coreano Kim Jong-Il (no centro da primeira fileira), em uma solenidade com militares, em Pyongyang. Vigilância do país não impediu que redes de informantes, baseadas em telefones celulares, vazassem informações sobre o país (Foto: AFP)

A Coreia do Norte, um dos países mais impenetráveis do mun­­do, enfrenta uma nova ameaça: redes formadas por seus próprios cidadãos que fornecem informações sobre a vida local para a Coreia do Sul e seus aliados ocidentais. As redes são criação de al­­guns desertores norte-coreanos e ativistas de direitos hu­­manos sul-coreanos que usam seus celulares para perfurar o blecaute quase total de notícias da Coreia do Norte. Para construir as redes, os recrutadores vão até a China para buscar o apoio dos poucos norte-coreanos autorizados a viajar para lá, fornecem celulares pa­­ra passar pela fronteira, então postam os relatos enviados via telefone e mensagem de texto em sites da internet.O trabalho é arriscado. Re­­crutadores passam meses identificando e persuadindo potenciais informantes, ao mesmo tempo em que se esquivam da polícia norte-coreana e chinesa, determinada a impedir esse trabalho. Os norte-coreanos enfrentam um perigo ainda maior: a exposição pode levar à prisão – ou até à morte.O resultado tem sido notícias livres, uma confusão de relatos por vezes confirmados, mas geralmente contraditórios. Alguns têm sido importantes: os sites foram os primeiros a relatar a indignação dos norte-coreanos em relação a uma drástica desvalorização da moeda no ano passado. Ou­­tros artigos têm sido mais prosaicos, cobrindo temas como o hábito dos norte-coreanos de ter bichinhos de estimação e suas queixas em relação ao preço do arroz.

Que notícias assim estejam vazando já algo revolucionário para um estado brutalmente eficiente que enclausurou forçadamente seu povo por décadas, mesmo enquanto ou­­tras sociedades fechadas aceitavam com relutância pelo me­­nos al­­gumas das intrusões de um mun­­do mais conectado.

"Num vácuo de informação como a Coreia do Norte, qualquer migalha a mais – até mes­­mo no campo dos rumores – ajuda", disse Nicholas Eberstadt, estudioso do Ame­­rican Enterprise Institute que há décadas escreve sobre os pro­­blemas econômicos e da po­­pulação do país. "Você não con­­seguia esse tipo de informação", ele disse, referindo-se aos relatos sobre a crise atual. "Foi fascinante ver a oposição dos níveis mais baixos" da so­­ciedade norte-coreana.

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