A valorização do boi gordo, com a arroba cotada acima de R$ 100 desde outubro de 2010, tem se estendido a diversos setores da cadeia produtiva. O de touros comerciais, os chamados tourinhos, é um deles. São animais obtidos por meio de programas de melhoramento genético, mas que, ao contrário dos animais de elite, arrematados por cifras milionárias e encaminhados para centrais de inseminação, são vendidos em leilões ou diretamente nas fazendas para integrar rebanhos comuns e melhorar sua genética.
Com o objetivo de aproveitar o ciclo de alta, que começou em 2008 e deve se manter até o fim de 2012, creem os especialistas, pecuaristas passaram a mirar no aumento dos plantéis. A primeira medida foi deixar de abater as fêmeas. A segunda, que se intensificou em 2010 e deve se manter, é o investimento em tourinhos, cuja genética de alto nível ajuda a obter bezerros mais precoces, encurtando o ciclo produtivo, reduzindo custos e ampliando os lucros.
"O pecuarista está tendo uma boa rentabilidade e isso o estimula a investir", diz o diretor-técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz. Ele observa essa tendência já há algum tempo. Trata-se, segundo ele, de um movimento importante, já que é a genética que possibilita o aumento da produção necessária para atender aos mercados interno e externo. "O Brasil é um dos únicos, entre os grandes mercados de carne, com capacidade de aumentar sua produção. A genética está no centro disso", afirma.
"A venda desses animais tem se tornado cada vez mais popular à medida que o pecuarista se tecnifica e nota a mudança que o reprodutor traz já na primeira bezerrada", diz o consultor técnico da Scot Consultoria, Hiberville DAthaide Neto.
Ele frisa que a valorização dos bezerros (que hoje estão cotados em aproximadamente R$ 740, na média do Cepea/ Esalq-USP) automaticamente estimula o mercado de tourinhos, pois o criador vai em busca de reprodutores qualificados para gerar bezerros mais precoces e assim vender mais.
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