A elevação dos juros básicos da economia brasileira para 11,25% ao ano, na semana passada, melhorou a rentabilidade de investimentos mais conservadores, como renda fixa e fundos referenciados DI, alternativas comuns à poupança. Este cenário deve se manter em médio prazo, levando em conta que a tendência é que o Banco Central continue subindo a Selic alguns analistas projetam uma taxa de 11,5% em dezembro. De acordo com a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a média das expectativas do mercado é de que os juros cheguem a 12% no ano que vem.
O sócio da gestora São Paulo Investments, Fábio Amaral Barreto de Lemos, afirma que o aumento da Selic tornou os fundos DI mais interessantes como aplicação de curto prazo, mas lembra que é preciso ficar atento à taxa de administração. "Essa taxa pode chegar a no máximo 2%. Acima disso fica menos rentável que a poupança. No entanto, existem opções no mercado com taxas de administração em torno de 0,5%", explica.
No ano passado, a média de rentabilidade dos fundos DI mais bem-sucedidos ficou entre 7,5% e 9% e algumas corretoras chegam a isentar da cobrança da taxa administrativa.
Outra alternativa de investimento são as aplicações com juros pós-fixados, ou seja, que trabalham com a possibilidade de crescimento dos juros básicos e da inflação. Lemos aposta tanto na modalidade Letra Financeira do Tesouro (LTF), cuja rentabilidade é ligada à Selic, quanto na Nota do Tesouro Nacional série B (NTN-B), vinculada à variação do IPCA.
A aplicação na LTF, porém, é interessante quando os juros estão subindo ou devem permanecer inalterados. Quando ocorre o contrário, ou seja, a expectativa é de redução da Selic, o melhor é "travar" a rentabilidade com outro papel, a Letra do Tesouro Nacional (LTN). "Desde que foi feito o anúncio de elevação da taxa básica de juros, estamos indicando papéis como estes", completou Lemos.
Letras de crédito
Para os clientes da corretora Valora Invest, a recomendação neste momento é de preservação dos investimentos, com ajustes mínimos. Segundo Paulo Paim, analista da Valora, o consequente efeito recessivo na economia do aumento da Selic favorece opções como a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). "São isentos do Imposto de Renda e dentro de um período de um a dois anos acabam valendo a pena", diz.
O economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, também sugere a LCI e títulos do tesouro indexados à inflação, como o NTN-B. "São investimentos altamente conservadores, segurados pelo Fundo Garantidor de Crédito e que se mostram viáveis nesta conjuntura de baixo crescimento", afirma.