Copom
Ata mostra preocupação com inflação
A ata da reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada ontem, reconhece que o cenário para a inflação "evoluiu desfavoravelmente" desde a reunião de dezembro. A afirmação consta no parágrafo 24 do primeiro documento produzido sob a presidência de Alexandre Tombini no BC. Na última reunião do Copom, a Selic (a taxa básica de juros da economia) subiu de 10,75% para 11,25% ao ano.
"De fato, no último trimestre do ano passado, a inflação foi forte e negativamente influenciada pela dinâmica dos preços de alimentos", cita o documento, ao lembrar que esses preços sofreram com choques de oferta no Brasil e no exterior. O BC reconhece que esses aumentos dos preços de alimentos "tendem a ser transmitidos ao cenário prospectivo" da inflação de várias maneiras, como a inércia inflacionária e as projeções do mercado.
Apesar do alerta, a ata lembra que há sazonalidade da inflação característica no primeiro trimestre.
Agência Estado
Com o aperto monetário promovido pela equipe econômica do governo, o desempenho da indústria no primeiro trimestre deste ano deve ser ainda mais fraco do que o registrado no fim do ano passado, na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "A concorrência com produtos importados, que já afetava a indústria, deve ser agravada pela piora de crédito no começo deste ano, que deve afetar a demanda por bens industriais. Ninguém espera uma recessão, mas o crescimento deve ser menor", disse o gerente executivo de pesquisa da entidade, Renato da Fonseca.
No fim do ano passado, o Banco Central aumentou os depósitos compulsórios para financiamentos de longo prazo para consumo e, na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros, para 11,25% ao ano. Segundo Fonseca, a indústria já vinha passando por um arrefecimento no ritmo de expansão ao longo de 2010, devido à retirada dos incentivos tributários dados a alguns setores durante a crise. No entanto, ressaltou, a queda nos meses à frente pode ser amenizada se o aperto monetário não for tão intenso. "Se o aperto não for tão forte, é possível voltar a crescer no decorrer do ano", avaliou. "Sem um cenário externo favorável, a indústria fica mais dependente do desempenho da demanda interna", completou.
Tombo inesperado
Para a CNI, a queda na produção em dezembro foi maior do que a esperada. De acordo com sondagem divulgada pela entidade, a atividade no mês caiu e a utilização da capacidade instalada ficou abaixo do usual para o período. "Normalmente, há queda de produção no fim do ano, mas dessa vez foi maior que o usual", afirmou Fonseca.
Em uma escala onde valores acima de 50 pontos indicam crescimento, a evolução da produção industrial no mês ficou em 44,7 pontos, 5,3 pontos abaixo da linha divisória. Em novembro, o indicador esteve em 52,7 pontos. A última vez em que o indicador mensal havia apurado desaceleração na atividade foi em janeiro de 2010, quando ficou em 49,2 pontos.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) na indústria caiu para 48,2 pontos em dezembro, o menor resultado do ano de 2010. Em novembro, o indicador registrou 50,4 pontos. De acordo com a CNI, o porcentual médio de utilização da capacidade instalada no quarto trimestre do ano passado foi de 77%, um ponto porcentual acima do registrado no terceiro trimestre do ano, mas idêntico ao apurado no quarto trimestre de 2009.
Segundo a sondagem, as expectativas dos empresários para os próximos seis meses continuam positivas, mas em patamares menores, o que pode afetar as decisões de investimentos e contratações. "Os empresários terão mais cautela este ano", afirmou Fonseca.
A indústria continua otimista em relação ao aumento da demanda, cujo indicador ficou em 58,1 pontos em janeiro deste ano. A variável, no entanto, está abaixo do patamar apurado em janeiro do ano passado, quando chegou a 62,9 pontos. Da mesma forma, a intenção de compras de matérias-primas ficou positiva, com 56,8 pontos.
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