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Perspectiva

Alta da Selic enfraquece indústria

Fonseca, da CNI: sondagem mostra que a expectativa dos empresários continua positiva, mas em patamares menores | Marcelo Casal /ABr
Fonseca, da CNI: sondagem mostra que a expectativa dos empresários continua positiva, mas em patamares menores (Foto: Marcelo Casal /ABr)

Com o aperto monetário promovido pela equipe econômica do governo, o desempenho da indústria no primeiro trimestre deste ano deve ser ainda mais fraco do que o registrado no fim do ano passado, na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "A concorrência com produtos importados, que já afetava a indústria, deve ser agravada pela piora de crédito no começo deste ano, que deve afetar a demanda por bens industriais. Ninguém espera uma recessão, mas o crescimento deve ser menor", disse o gerente executivo de pesquisa da entidade, Renato da Fonseca.

No fim do ano passado, o Banco Central aumentou os depósitos compulsórios para financiamentos de longo prazo para consumo e, na semana passada, o Comitê de Política Mone­tária (Copom) aumentou em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros, para 11,25% ao ano. Segundo Fonseca, a indústria já vinha passando por um arrefecimento no ritmo de expansão ao longo de 2010, devido à retirada dos incentivos tributários dados a alguns setores durante a crise. No entanto, ressaltou, a queda nos meses à frente pode ser amenizada se o aperto monetário não for tão intenso. "Se o aperto não for tão forte, é possível voltar a crescer no decorrer do ano", avaliou. "Sem um cenário externo favorável, a indústria fica mais dependente do desempenho da demanda interna", completou.

Tombo inesperado

Para a CNI, a queda na produção em dezembro foi maior do que a esperada. De acordo com sondagem divulgada pela entidade, a atividade no mês caiu e a utilização da capacidade instalada ficou abaixo do usual para o período. "Normalmente, há queda de produção no fim do ano, mas dessa vez foi maior que o usual", afirmou Fonseca.

Em uma escala onde valores acima de 50 pontos indicam crescimento, a evolução da produção industrial no mês ficou em 44,7 pontos, 5,3 pontos abaixo da linha divisória. Em novembro, o indicador esteve em 52,7 pontos. A última vez em que o indicador mensal havia apurado desaceleração na atividade foi em janeiro de 2010, quando ficou em 49,2 pontos.

A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) na indústria caiu para 48,2 pontos em dezembro, o menor resultado do ano de 2010. Em novembro, o indicador registrou 50,4 pontos. De acordo com a CNI, o porcentual médio de utilização da capacidade instalada no quarto trimestre do ano passado foi de 77%, um ponto porcentual acima do registrado no terceiro trimestre do ano, mas idêntico ao apurado no quarto trimestre de 2009.

Segundo a sondagem, as expectativas dos empresários para os próximos seis meses continuam positivas, mas em patamares menores, o que pode afetar as decisões de investimentos e contratações. "Os empresários terão mais cautela este ano", afirmou Fonseca.

A indústria continua otimista em relação ao aumento da demanda, cujo indicador ficou em 58,1 pontos em janeiro deste ano. A variável, no entanto, está abaixo do patamar apurado em janeiro do ano passado, quando chegou a 62,9 pontos. Da mesma forma, a intenção de compras de matérias-primas ficou positiva, com 56,8 pontos.

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