As bolsas de valores mundiais, inclusive a brasileira, chegaram a um nível considerado "perigoso" por muitos analistas. Segundo esse argumento, as fortes altas das últimas semanas tornaram inevitável uma realização de lucros em algum momento. A questão é saber quando e em que intensidade esse ajuste se dará. "É impossível prever", disse Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria.
Na sexta-feira, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) fechou em nível recorde pela oitava vez em abril. O Índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova Iorque, também alcançou nível histórico de pontuação.
A tendência para esta semana, segundo Vieira, ainda é positiva, principalmente porque "há poucos indicadores com potencial de mexer com os mercados". Nos Estados Unidos, são dois os destaques da agenda.
O primeiro é o Livro Bege do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que sai na quarta-feira. Trata-se de um sumário sobre as condições da economia do país, cuja principal função é guiar o Fed em suas decisões sobre o rumo da taxa básica de juros.
Outro dado importante é o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) relativo ao primeiro trimestre, que sai na sexta-feira. A estimativa mais freqüente dos analistas é de uma alta de 1,4% no ano. Para Vieira, a única hipótese de esse número derrubar os mercados é se apontar uma desaceleração do PIB, o que está praticamente descartado por causa dos indicadores de atividade econômica já divulgados no período. A única certeza, diz Vieira, é que os números não devem ser muito fortes.
No Brasil, os investidores estarão atentos ao IPCA-15 de abril, que sai quarta-feira, e à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na quinta-feira.
O IPCA-15 é uma prévia do IPCA, o índice que serve de referência para as metas de inflação a diferença entre eles é o período de apuração. Segundo Vieira, o dado deve confirmar a tendência benigna para a inflação, o que abre espaço para uma aceleração do ritmo de queda da taxa básica de juros.
A tendência para o juro, aliás, é o que os analistas tentarão decifrar na ata do Copom. O mercado foi pego de surpresa com a divisão do comitê na hora de definir o corte de 0,25 ponto porcentual da taxa Selic na semana passada (para 12,50% ao ano). Quatro diretores votaram por esse corte, mas três queriam 0,50 ponto. Por isso, Vieira deve reduzir nos próximos dias sua previsão para a Selic no fim do ano, de 11,75% para 10,50% ao ano.