Atualizado em 23/03/2006, às 19h55
A taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país aumentou pelo segundo mês consecutivo e atingiu 10,1% em fevereiro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este é o maior patamar desde maio do ano passado e a primeira vez desde então que o indicador volta a apresentar dois dígitos. Em janeiro, o desemprego havia sido de 9,3% e, em fevereiro de 2005, de 10,6%.
O aumento ocorrido entre janeiro e fevereiro já era esperado, mas surpreendeu pela intensidade. Segundo o coordenador da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, o avanço de 0,9 ponto percentual entre um mês e outro foi o maior já registrado neste período desde o início da série histórica da pesquisa, em março de 2002. Outro fato inédito foi o de a taxa de fevereiro ter sido maior do que a novembro do ano anterior. Em 2005, o desemprego naquele mês estava em 9,6%.
- Tínhamos a expectativa de que a taxa fosse se elevar, mas não de uma forma tão agressiva - afirmou Pereira, acrescentando que os dados de fevereiro emitiram um "sinal de alerta" para o acompanhamento do mercado de trabalho.
Segundo o técnico, o mercado de trabalho brasileiro se mantém estagnado desde o início do segundo semestre de 2005. A forte queda da taxa de desemprego ocorrida em dezembro - para 8,3%, o menor ponto da série - não foi senão o reflexo de uma interrupção do movimento de busca por uma ocupação, comum no período de festas e férias escolares.
- As pessoas que deixaram de procurar trabalho em dezembro e janeiro estão retomando a busca. Até porque sabem que esta é a hora de enviar currículos, fazer contatos e tomar providências para conseguir emprego.
O economista observou que, apesar da alta em relação a janeiro, o desemprego foi o menor para um mês de fevereiro desde o início da série da pesquisa. Além disso, o contingente de trabalhadores com carteira assinada, embora tenha ficado estável na comparação com janeiro, aumentou 5,1% ante fevereiro de 2005. Em um ano, foram criados cerca de 398 mil empregos formais no país. O crescimento do emprego formal já havia sido demonstrado nesta semana pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Pelo comportamento sazonal da taxa de desemprego, a tendência é de que o indicador só comece a cair em abril ou em maio.
- A expectativa para março é de que o desemprego volte a subir - disse Pereira.
Rendimentos
O rendimento médio real foi estimado em R$ 999,80, aumento de 1,1% em relação a janeiro e de 2,5% ante fevereiro de 2005. Na comparação mensal, a categoria com maior ganho foi a dos trabalhadores com carteira assinada (1,4%), enquanto no confronto anual o maior aumento foi o dos trabalhadores por conta própria (5,2%).
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