Decidida a autorizar novo reajuste para a gasolina e o óleo diesel neste ano, a presidente Dilma Rousseff traçou uma estratégia e estabeleceu duas variáveis que condicionarão o aumento pedido pela Petrobrás: dólar e inflação. A presidente avisou à estatal e aos auxiliares envolvidos com os cálculos do reajuste, segundo uma fonte graduada do governo, que aguardará a "acomodação" do câmbio numa "banda mais estável" de variação. E também quer projeções da área econômica sobre eventuais impactos de um choque de oferta global nas commodities agrícolas causado por nova quebra de safra nos Estados Unidos.

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Dilma quer ter segurança sobre o "espaço na inflação" que o governo terá para amortecer seu efeito nos índices de custo de vida. O adiamento do reajuste é uma aposta na "convergência" dessas variáveis para estreitar o aumento. O governo já "precificou" que, a partir de agosto, a inflação medida pelo IPCA voltará a subir. "Todo ano é assim. Por isso, vamos esperar essas duas variáveis para decidir o tamanho do reajuste", informou a autoridade.

Esse "espaço" será decisivo para dimensionar o aumento nos preços na refinaria, uma medida considerada altamente impopular, mas necessária para reduzir as perdas da petroleira estatal com esses combustíveis.

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Custo. A Petrobrás deverá gastar cerca de R$ 900 milhões mensais com importações sem esse aumento, avaliou relatório do Itaú BBA divulgado ontem, 27. Esse gasto adicional, calcula a corretora, elevará a relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, imposto, depreciação e amortização) para 4,2 vezes até o fim de 2014 e a relação dívida líquida/capital total a 46%.

O óleo diesel já foi reajustado duas vezes neste ano - 6,6% em janeiro e 5% em março. A gasolina teve aumento de 5,4% na refinaria em janeiro. A Petrobrás alega perdas com a defasagem entre os preços internos e a cotação internacional de derivados de petróleo, cotado em dólar - a moeda americana caiu 0,71% e fechou ontem a R$ 2,37.

O governo não tem mais espaço para neutralizar um novo aumento, já que zerou o imposto da gasolina (Cide) e elevou ao teto a mistura de etanol.