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Alta do IPCA desacelera para o menor nível em 5 anos

A inflação oficial brasileira perdeu força em fevereiro, atingindo o seu menor patamar em cinco anos para o período. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,45 por cento no mês passado, após alta de 0,56 por cento em janeiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

É o menor nível desde fevereiro de 2007, quando o índice registrou variação positiva de 0,44 por cento.

No acumulado de 12 meses, o IPCA avançou 5,84 por cento no mês passado, ante uma alta acumulada de 6,22 por cento em janeiro. Trata-se da menor taxa desde novembro de 2010, quando ficou em 5,63 por cento. "A inflação voltou a operar no patamar . Esse é um movimento importante", destacou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.

"(O ano de) 2012 começou com um padrão mais baixo de inflação", declarou Eulina. "No ano passado, o primeiro quadrimestre foi muito impactado pelos alimentos. Neste ano, os alimentos estão mais suaves, com commodities mais baixas, freio na demanda e o dólar baixo -que desestimula a exportação-, e a entrada de importados", comparou a economista.

Analistas ouvidos pela Reuters previam que o indicador teria alta de 0,44 por cento em janeiro, segundo a mediana de 37 previsões, com as estimativas entre 0,35 e 0,50 por cento. Para o acumulado em 12 meses, a mediana apontava alta de 5,84 por cento, com estimativas entre 5,70 e 5,90 por cento.

O IPCA é referência para a meta oficial de inflação, de 4,5 por cento ao ano, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

ALIMENTOS

De acordo com o IBGE, dos nove grupos pesquisados, cinco mostraram menor força nos preços. Os que mais influenciaram a redução do IPCA em fevereiro foram o de Alimentação e bebidas -cuja alta em fevereiro ficou em 0,19 por cento, frente a 0,86 por cento de janeiro- e o de Transportes, com deflação de 0,33 por cento em fevereiro, ante uma alta de 0,69 por cento no mês anterior.

Alimentos importantes no orçamento familiar tiveram queda de preços em fevereiro, como carnes, macarrão , batata, açúcar , leite e derivados e açúcar. As carnes tiveram a segunda maior contribuição individual para o recuo do IPCA, de menos 0,05 ponto percentual

"Há problemas de exportação com o dólar mais alto, o que aumenta a oferta interna e, no período de férias, o consumo de carne também costuma ser menor", apontou a economista.

"O movimento principal é uma queda do preço das commodities em reais que foi verificada no começo do ano. O impacto do governo segurar o dólar com certeza é inflacionário, porque você acaba aumentando o preço das commodities em reais", alertou o economista da consultoria Tendências Thiago Curado.

No grupo Transportes, os destaques partiram do álcool e das passagens aéreas, dois itens que pressionaram o IPCA em 2011.

As passagens lideraram o ranking de produtos que empurraram o IPCA para baixo, com contribuição individual negativa de 0,06 ponto percentual. Já o álcool contribuiu com menos 0,03 ponto e a gasolina participou com menos 0,02 ponto percentual.

EDUCAÇÃO

Na ponta oposta, o grupo que puxou os preços para cima foi o de Educação, cuja alta em fevereiro ficou em 5,62 por cento, ante variação positiva de 0,39 por cento em janeiro, sendo responsável por 54 por cento da taxa, segundo o IBGE. Isso ocorreu devido ao início do ano letivo, com preços mais salgados nas mensalidades.

"Em geral, o mês de fevereiro é muito pressionado pela Educação", disse Eulina, do IBGE. Foram dois efeitos: um de alta, que veio da Educação, e dois de baixa, com Alimentação e Transportes. A pressão da Educação foi amenizada e amortecida pelos dois grupos", disse a economista.

A alta de preços no grupo Educação, segundo ela, deve repetir neste ano o padrão dos últimos dois anos, quando superou a taxa do IPCA.

O grupo Saúde e cuidados pessoais também mostrou mais inflação, com alta de 0,70 por cento em fevereiro. No mês anterior, havia registrado variação positiva de 0,30 por cento.

Para março, o IPCA deve captar ainda resíduos de pressão da alta dos colégios, aumentos de trem e metrô em São Paulo, reajuste da tarifa de táxi em Fortaleza, elevação da tarifa de ônibus intermunicipal em São Paulo, aumento dos ônibus em Curitiba e uma queda na telefonia fixa residencial.

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