Com a proximidade do Natal, varejistas começam a reajustar preços dos produtos mais procurados pelo consumidor para a ceia de Natal. A pedido da Agência Estado, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) elaborou uma cesta com os preços de dez itens lembrados nas compras para a ceia natalina. No levantamento, a inflação acumulada em 12 meses até novembro desses produtos mostra o mais elevado nível em cinco anos, com alta de 13,20%. É mais do que o dobro do apurado pela inflação média do período, de 6,16%, pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
Analistas da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e da LCA Consultores alertam que a demanda interna continua aquecida no que concerne a bens de consumo não duráveis, como alimentos, por exemplo. Até o momento, os produtos nacionais consumidos na ceia de Natal são os que apresentam altas mais expressivas de preços. É o caso da inflação acumulada em 12 meses até novembro em frutas (13,25%); pernil de suíno (24,84%) e lombinho de suíno (15,50%).
Responsável pelo levantamento, o economista da FGV André Braz comentou que, apesar do atual ambiente de juros altos e de endividamento expressivo do consumidor, a demanda do mercado doméstico continua aquecida, principalmente na procura por alimentos.
A constatação não é apenas da FGV. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou na semana passada o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de novembro, uma espécie de prévia do IPCA. O indicador subiu de 0,30% para 0,49%, e o grupo Alimentação e Bebidas responsável por 42% da taxa.
No levantamento da FGV, um dos destaques na evolução de preços foi o frango especial inteiro e em pedaços (chester), que passou de uma alta de 1,85% em outubro para 6,06% em novembro. A FGV não descarta novos aumentos na ceia. "Na verdade, ainda não está claro o impacto do dólar alto nos preços de alguns alimentos importados, como vinho e azeite, por exemplo", disse Braz.
Em novembro, no âmbito do IPC, o preço do vinho apurou alta de 0,68% e o preço do azeite, aumento de 2,23%, bem acima das variações registradas para os mesmos produtos em outubro, respectivamente, de -0,78% e de 0,80%. Para o economista e sócio-diretor da LCA Consultores Fernando Sampaio, algum impacto do atual cenário de desvalorização cambial nos preços de alimentos importados ainda pode ocorrer. Neste Natal não devem prevalecer os importados.
"Mas não acho que será um Natal paupérrimo", disse. O economista considerou que uma das opções do consumidor deve ser a substituição de itens importados por similares nacionais. Mas as altas devem atingir em dezembro até mesmo os preços dos alimentos nacionais, devido ao aquecimento da demanda doméstica. O chefe do Departamento Econômico da CNC Carlos Thadeu de Freitas atribui isso à oferta de crédito, que continua disponível, com prazos ainda longos, "com prestações que cabem no bolso".