BC anuncia medidas para exportações

Preocupado com o fato de que a farta liberação de dólares das reservas internacionais brasileiras não vem atingindo o objetivo de aliviar a falta de crédito para empresas exportadoras, o governo decidiu ontem dar ao Banco Central poderes para "carimbar" os recursos em moeda estrangeira, direcionando-os para o comércio exterior. "Nosso principal problema é a falta de liquidez, principalmente para financiar as exportações", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por meio de sua assessoria de imprensa.

"As medidas anunciadas visam facilitar o acesso ao crédito pelos exportadores e pelas empresas que possam estar tendo problemas de capital de giro."

Ontem pela manhã, o Banco Central decidiu reduzir a exigência do compulsório (parcela dos depósitos bancários que fica retida pelo BC) para bancos que aceitarem fazer empréstimos de curto prazo, o chamado "overnight’’, a instituições pequenas e médias. É o mesmo benefício que passou a ser concedido, na semana passada, para bancos que comprassem parte da carteira de crédito de seus concorrentes menores.

Caixa

A Caixa Econômica Federal fechou acordo ontem com quatro instituições financeiras de R$ 4,7 bilhões para a compra de carteiras de crédito. De imediato, a Caixa vai desembolsar R$ 1,1 bilhão. Outros R$ 3,6 bilhões serão pagos em 24 meses num acordo operacional com os quatro bancos para carteiras formadas por novos empréstimos que serão ainda originados.

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As ações da Petrobras não permitiram que a Bovespa escapasse de mais um dia de perdas, mesmo com a reação do mercado acionário norte-americano no fim do dia. A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o pregão com desvalorização de 1,06%, aos 36.441 pontos. A bolsa paulista amarga agora queda de 26,4% no mês e de 42,96% no ano. O dólar, após muita oscilação, encerrou com pequena baixa diante do real, de 0,14%, vendido a R$ 2,163.

Com o petróleo abaixo de US$ 70 – recuou 6,3%, a US$ 69,85 em Nova Iorque –, os papéis da Petrobras não tiveram força para encerrar as operações com ganhos. A depreciação da ação ordinária da estatal foi a maior do índice Ibovespa, ficando em 8,67%. Sua ação preferencial recuou 7,50%. Os papéis da Petrobras foram responsáveis por cerca de 25% da movimentação total de ontem na Bovespa.

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O período da manhã foi bem ruim para o mercado de ações. Resultados negativos de instituições como Merrill Lynch e Citigroup se somaram a dados decepcionantes da economia dos Estados Unidos – como os da produção industrial – e aceleraram as vendas de papéis. Em Wall Street, o índice Dow Jones chegou a cair mais de 4% na mínima do dia, mas se recuperou no fim e subiu 4,68%.

Na Europa, onde as operações foram encerradas antes da melhora nos EUA, houve baixas expressivas, como as das bolsas de Londres (-5,35%) e de Frankfurt (-4,91%). "Ainda teremos um bom tempo de incertezas e dúvidas, com os mercados oscilando bastante. Dados econômicos que têm saído vão formando um quadro recessivo cada vez mais real, o que vai manter os mercados em sobressalto'', avalia Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. "Neste período de balanços em que estamos entrando vai ser possível ter uma idéia melhor dos estragos que a crise tem causado nos resultados das companhias'', diz.

Ações

Ontem as ações dos bancos não escaparam das perdas: Unibanco UNT caiu 6,12%; Itaú PN recuou 6,09%; Banco do Brasil ON, 4,71%; e Bradesco PN teve baixa de 3,83%. Dos papéis de maior peso na composição do índice Ibovespa – principal referência da bolsa –, destaque para as perdas de BM&FBovespa ON (-2,89%) e Vale PNA (-2,12%).

Quem evitou que a bolsa tivesse um dia pior foram os papéis Gol PN, que dispararam 24,32%, e da CSN ON, que ganhou 17,28%. A ação da Gol subiu amparada na depreciação do petróleo. E o papel da CSN foi impulsionado por rumores de que negocia a venda de parte de uma unidade de minério de ferro com um grupo japonês.

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