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Alta na inflação dos serviços perde força, afirma FGV

Cabeleireiro foi um dos itens em que a desaceleração da inflação foi superior à esperada | Antônio More/ Gazeta do Povo
Cabeleireiro foi um dos itens em que a desaceleração da inflação foi superior à esperada (Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo)

A desaceleração no ritmo de alta dos preços de serviços – que surpreendeu economistas na prévia de março do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA-15, do IBGE – vem ocorrendo desde dezembro, segundo levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas. A inflação dos serviços acumulada em 12 meses dentro do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da FGV, atingiu 6,98% em novembro; em fevereiro, já havia recuado para 6,28%.

Apesar de ontem ter sido divulgado um indicador (IPC-S) que ainda mostra um peso grande do setor de serviços sobre a inflação, o recuo paulatino nos preços do segmento eleva as dúvidas sobre o resultado do IPCA fechado de março, que será divulgado na quinta-feira pelo IBGE. A Consultoria Tendências calcula que o aumento nos serviços dentro do IPCA-15 – excluído o item passagens aéreas, por causa da alta volatilidade nos preços – saiu de 1,57% em fevereiro para 0,51% em março. A desaceleração ficou acima do esperado nos itens alimentação fora de casa, aluguel residencial, manicure, cabeleireiro, e conserto e manutenção.

Como a série história mostra que a taxa de serviços na prévia costuma ser similar à verificada na taxa do IPCA fechado do mês, a inflação oficial de março pode mostrar novamente um freio nos aumentos de serviços. No entanto, a Tendências considera que a desaceleração é pontual, porque prevê que as condicionantes do mercado de trabalho, que costumam pressionar os serviços, devem permanecer favoráveis ao longo de 2012.

De uma maneira geral, analistas apostam que os serviços mantenham o índice pressionado ao longo de 2012, mas o aumento exagerado nos últimos meses pode ter elevado demais os preços, acima do aceitável pelas famílias. O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Guilherme Perfeito, enxerga uma tendência de desaceleração nos preços dos serviços, diante de um nível de expansão menor da atividade econômica e um possível aumento da taxa de desemprego ao longo de 2012.

Economistas ainda não veem tendência André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, que preparou o levantamento sobre o impacto recente dos preços de serviços sobre a inflação, diz que ainda não há elementos para atestar uma tendência de longo prazo. "A série dos serviços dentro do IPC mostra uma inversão na taxa em 12 meses similar à registrada pelo indicador nacional. Ainda é cedo para determinar se essa inversão durará mais tempo, dado que o mercado de trabalho segue uma taxa de desemprego baixa", diz.

Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências, acredita que a desaceleração abrupta de serviços não casa com o que os fundamentos de consumo estão indicando. "A taxa de desemprego está caindo, a renda em fevereiro acelerou fortemente e a massa de salários subiu. A confiança do consumidor, segundo dados de março da FGV, praticamente já voltou ao patamar recorde. Essas condicionantes são muito fortes", explicou a economista, que discorda da configuração de um movimento de saturação de preços.

André Braz avisa que o mercado de trabalho ainda aquecido pode voltar a pressionar os preços nas próximas leituras de indicadores de inflação. "Os salários dos trabalhadores, sobretudo os de baixa renda, continuam a subir em termos reais. Temos, então, combustível para que o setor de serviços continue a responder por parte significativa da inflação em 12 meses", avaliou Braz.

Na opinião de Leonardo Barbosa, professor de Com­portamento do Con­sumidor no Ibmec-RJ, o aumento da renda fez com que os brasileiros se acostumassem a novos hábitos de consumo, como fazer as refeições fora de casa. Uma vez incorporado à rotina, o consumidor dificilmente abrirá mão desse novo conforto, mesmo que haja aumento de preços.

Leonardo Barbosa, professor de Comportamento do Consumidor no Ibmec-RJ.

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