Depois de passar pela maior queda mensal desde a crise de 2008, a produção industrial brasileira dá sinais de reação e volta a subir ligeiramente. Na comparação com fevereiro, a produção nacional aumentou 0,7% em março. A alta dá sequência a um movimento de oscilação nos resultados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos últimos meses: em janeiro, o índice fechou em alta de 2,7% e no mês seguinte o tombo foi de 2,4%. No final das contas, o saldo no trimestre ainda é negativo, com queda de -0,5% em relação ao mesmo período de 2012, mas o resultado de março pode apontar para uma retomada nos próximos meses.
A maior esperança fica por conta da alta na produção dos bens de capital. Nos três primeiros meses de 2013, a alta acumulada é de 9,8%. "A situação é melhor do que nos meses mais recentes, baseado em uma evolução mais intensa de bens de capital", afirma o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo.
O crescimento do grupo, que engloba a produção de veículos, máquinas e equipamentos industriais, é um dos indícios de que os empresários estão investindo para a ampliação dos parques industriais e na capacidade de produção. "É um sinal de recuperação. Se os industriais não estão investindo na ampliação da produção, pelo menos estão renovando suas máquinas", afirma o coordenador do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Maurílio Schmitt.
Vai e vem
O setor automotivo, que tem sido o fiel da balança nos últimos meses, mais uma vez foi determinante para um bom resultado da produção fabril brasileira no mês, com alta de 5,1%. Em fevereiro, quando a fabricação de carros caiu 8%, o setor foi o grande vilão do desempenho industrial nacional. "O mês de fevereiro tinha sido marcado pela redução de jornada de trabalho, por férias coletivas e por plantas paralisadas para a ampliação do parque. É o comportamento do setor que vai se adequando à produção", destaca Macedo. Ele salienta que os estoques do setor de veículos automotores estão regularizados e não indicam problema.
O destaque negativo do mês ficou por conta da produção de alimentos. A queda no mês no setor foi de 2,7%, o segundo resultado negativo consecutivo, acumulando nesse período perda de 4%. Os dois principais motivos pelo desempenho fraco são a baixa demanda do mercado externo e a insegurança dos empresários diante da mudança da tributação da cesta básica. "O começo de ano é tradicionalmente fraco para esta indústria, pois é um período de processamento da safra. Além disso, toda mudança na cobrança de impostos gera insegurança e ninguém amplia a produção sem estar absolutamente seguro do seu negócio", afirma Maurílio Schmitt.
Dados regionais
Agronegócio deve dar vida nova aos indicadores do Paraná
Depois de um começo de ano com queda acumulada de 4% em janeiro e fevereiro, a expectativa é de que a indústria paranaense se recupere nos próximos meses. A pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda não registra os resultados regionais, mas a tendência é de que a partir dos resultados de maio os números sejam mais animadores.
A principal aposta se da na recuperação da indústria de alimentos para o próximo trimestre. De acordo com o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, a supersafra vai reativar a produção fabril local. "O agronegócio paranaense deve puxar esta retomada a partir de maio ou junho. Indiretamente, o aumento da renda do trabalhador rural vai segurar o aumento geral da produção estadual", projeta o economista. O desafio para assegurar o crescimento está em planejar a expansão da capacidade. "Com uma política tributária diferente a cada mês, o empresário ainda repensa a expansão da sua produção. Este é o grande impeditivo", completa.