60% do custo de produção das empresas avícolas correspondem ao gasto com a compra de grãos, usados na ração dos animais. Nos últimos seis meses, o preço da soja subiu 80% e o do milho, 40%.
"Prejuízo todos tiveram, mas, mesmo assim, devemos ter crescimento acima do Produto Interno Bruto, ainda que de forma um pouco mais lenta."
Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná.
O consumidor está pagando mais caro pelo preço do quilo de frango. Nos últimos dois meses, o produto sofreu um aumento de 18% em função das altas consecutivas da quebra da safra americana de soja e milho, o que ocasionou a elevação do custo de produção do setor avícola, tanto no Paraná, quanto em outros estados produtores. Por outro lado, essa elevação alivia as contas da indústria, que enfrenta custos recordes.
"Não existe produção de frango sem milho ou soja", explicou ontem o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, em coletiva durante evento do setor em Foz do Iguaçu. Segundo ele, os preços que estão sendo pagos nos insumos são valores nunca antes vistos pelo mercado nos últimos seis meses a soja aumentou 80% e o milho 40%.
"Por conta do aumento, a avicultura paranaense está passando por um momento de desaceleração, com a diminuição de carga horária e do número diário de frangos abatidos algumas empresas não estão mais abatendo aos sábados, por exemplo. Nesse cenário, prejuízo todos tiveram, mas, mesmo assim, devemos ter crescimento acima do Produto Interno Bruto (PIB), ainda que de forma um pouco mais lenta", acredita.
O presidente da Sindiavipar diz que cada empresa está enfrentando essa questão de maneira diferente, mas que algumas já vinham num período de instabilidade desde a crise enfrentada em 2008. Recentemente, a Diplomata Industrial e Comercial fechou duas avícolas, nas cidades de Londrina e Mandirituba e pediu recuperação judicial.
Com o setor em dificuldades, Domingos Martins cobra do governo linhas de crédito e apoio aos produtores e empresas avícolas. "A impressão que dá é que o governo acha que não aconteceu nada com o setor. É preciso novas linhas de crédito para evitar a redução na produção e o repasse de preços ao consumidor", diz.
De acordo com a Sindiavipar, o prazo para que os produtores pagassem a aquisição de grãos costumava ser de até 40 dias, mas hoje a exigência é de pagamento antecipado ou à vista. "O setor avícola é o maior comprador de milho e precisa de atenção especial. Os grãos representam mais de 60% do custo total de produção na avicultura", completou Martins.
Oportunidades
Apesar da crise, o setor avícola não soma só números negativos. Na cidade de Mandaguari, no norte do Estado, a Cocarí está abrindo uma unidade própria e, recentemente, houve a criação do Grupo GTFoods pela avícola Frangos Canção. "Isso é um planejamento de três, quatro anos e que está se consolidando neste momento", destacou o sócio proprietário do grupo, Ciliomar Tortola.
Com a formação do grupo, a GTFoods conta, hoje, com quatro marcas no mercado: Frangos Canção, Gold Frango, Mister Frango e Bellaves, e está contratando aproximadamente 500 profissionais para compor o quadro de funcionários.
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