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Pecuária

Alta no leite reduz oferta de vacas

Castro – O mercado de vacas leiteiras nunca esteve tão aquecido. O problema é que não existe oferta de animais. Com o preço do leite em alta, fica difícil encontrar produtor disposto a reduzir seu rebanho. A escassez limita, inclusive, a entrada de novos produtores na atividade. O resultado imediato é a valorização dos poucos exemplares colocados à venda. Em um ano, o preço de uma vaca com produção média de 27 litros/dia aumentou em até 100%. Um animal com esse desempenho, que custava a partir de R$ 2,5 mil, pode valer hoje até R$ 5 mil. O desafio é encontrar pecuarista para fazer negócio.

No Agroleite, uma das maiores feiras de tecnologia leiteira do país, que ocorre em Castro, nos Campos Gerais, são raros os animais à venda. Na tarde de ontem, apenas 30 vacas estavam inscritas para o único remate do evento, o Leilão de Elite Multirraças, programado para às 20 horas de amanhã. Os organizadores fazem um esforço no sentido de levar para a pista o mesmo número de animais do ano passado, quando nesse espaço foram comercializadas 35 cabeças. Mas não será uma tarefa fácil, destaca Frans Borg, presidente da cooperativa Castrolanda, promotora do Agroleite. Segundo o dirigente, o cenário otimista fez com que o produtor voltasse a investir.

Para aproveitar o viés de alta, o produtor quer otimizar ao máximo a produção, explica Dirceu Rodrigues, coordenador de comercialização de animais da cooperativa. De acordo com o técnico, vacas com rendimento de 20 a 25 litros/dia, que antes eram descartadas, hoje são valorizadas no rebanho. Mesmo aqueles animais com baixa produção (15 litros/dia), são mantidos na propriedade, diz Rodrigues.

A oferta é tão pequena que neste ano o Agroleite desativou o balcão de vendas, um instrumento de comercialização que na edição anterior foi responsável pela negociação de 20 vacas. O rebanho em exposição, no entanto, é bem maior. São 700 cabeças, de 90 produtores. Parte desse gado acaba sendo vendida fora do circuito oficial. São as chamadas vendas de argola, ou no curral, modalidade que no ano passado negociou 200 animais.

Na avaliação do presidente da cooperativa, a alta no preço do leite e a conseqüente valorização dos animais não é resultado apenas da entressafra, mas de uma conjuntura mundial positiva, provocada pelo aumento do consumo. Ele acredita que o ambiente favorável deve sustentar-se no mínimo pelos próximos dois anos. No preço de referência divulgado pelo Conseleite para agosto, o produtor está recebendo R$ 0,76 litro, um aumento superior a 40% da cotação verificada no início do ano.

O produtor Roberto Borg, no entanto, alerta que o momento não é de euforia, mas de recuperação. "É preciso manter os pés no chão. Estamos apenas recompondo o caixa de anos de prejuízo, situação agravada com a crise da aftosa em 2005 e 2006." Borg é um dos pecuaristas que investe para ampliar a produção. De 530 no ano passado, seu rebanho soma hoje 660 vacas. A intenção é atingir 1 mil cabeças em cinco anos.

Feira

O Agroleite prossegue até sábado, no parque de Exposições Dario Macedo, em Castro. A cooperativa Castrolanda, promotora do evento, é considerada a bacia mais tecnificada do Brasil, com 215 produtores de leite, um plantel de 28 mil cabeças e uma produção anual de 120 milhões de litros. Para a edição deste ano, a expectativa dos organizadores é aumentar o faturamento do Agroleite em 20% e chegar a R$ 8,5 milhões.

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