Os sinais de recuperação da economia mundial ainda são incipientes, mas o sentimento de que o pior da crise ficou para trás foi mais do que suficiente para impulsionar o preço das commodities. Com o apetite por riscos renovado e o aumento da liquidez no mercado, os fundos de investimento voltaram a carregar suas carteiras com contratos futuros de metais, energia e produtos agrícolas, inflando as cotações dessas matérias-primas.
Nos últimos 30 dias, o índice de commodities CRB (Commodity Research Bureau) acumulou alta de 7,5%, mas vários componentes da cesta registraram ganhos de dois dígitos. O petróleo, principal deles, subiu 10,7%. A soja avançou 11,5% e o açúcar, 20%. Os preços já são os mais altos desde novembro, setembro e agosto, respectivamente.
Na verdade, a recuperação começou antes, entre o fim de fevereiro e o início de março. Desde então, o índice CRB subiu mais 20%; petróleo e soja, mais de 30%; e o cobre, impressionantes 41%.
A escalada iniciada em março, após oito meses seguidos de queda, está diretamente associada à entrada de capital especulativo nas bolsas. Os fundos de investimento, especialmente de hedge, ampliaram suas compras de contratos de petróleo, soja, café, algodão, cobre e açúcar na expectativa de vendê-los por preços mais altos no futuro.
De acordo com dados da Comissão de Comércio de Commodities e Futuros (CFTC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, o saldo de compra dos fundos no mercado futuro de soja da Bolsa de Chicago (CBOT) cresceu de 7,6 mil contratos, em 3 de março, para 93,7 mil no último dia 28 um salto de 1.132%. Ou seja, em menos de dois meses, os fundos compraram o equivalente a mais de 11,69 milhões de toneladas do grão, mais do que toda a safra do Paraná, segundo maior produtor brasileiro de soja.
O número é ainda o maior desde julho do ano passado, antes do estouro da crise financeira. Com isso, o saldo de compra dos investidores, que em março correspondia a 9% do número de contratos abertos, subiu para 25% no fim de abril.
Segundo levantamento do banco de investimento Barclays Capital, o saldo de compra dos fundos nos principais mercados futuros de commodities passou de 273,2 mil contratos, em 3 de março, para 458,4 mil, em 28 de abril, uma expansão de 67,7%.