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Alta no setor de serviços em março é vista com ressalvas

O setor de serviços apresentou uma ligeira recuperação em março, mas insuficiente para animar os analistas. No mês, a receita do setor cresceu, em termos nominais, 6,1% em relação a março do ano passado. O resultado é melhor do que o dos dois primeiros meses de 2015, mas, ao descontar o efeito da inflação, o setor não escapou de nova queda.

“Descontada a inflação de serviços, a receita real do setor recuou 1,9%, a décima terceira queda consecutiva nesse tipo de comparação”, destacou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Por isso, a aceleração é vista com reservas por economistas e pelo próprio IBGE, responsável pelos números.

Há pouco mais de um ano, a receita nominal de serviços crescia a taxas de dois dígitos – mesmo com uma inflação elevada no setor, garantia-se algum avanço real. Agora, a maior cautela das famílias e a demanda reduzida da indústria, do comércio e dos governos impactaram diretamente a receita da atividade.

“Eu chamaria (o resultado de março) de uma ligeira recuperação. Mas não podemos afirmar que é o começo de uma recuperação contínua”, afirmou Roberto Saldanha, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. “Nós temos hoje um quadro de desaquecimento na indústria e no comércio. No geral, os governos estão num processo de contenção orçamentária e, com isso, cortando seus gastos.”

No primeiro trimestre, a receita nominal da atividade avançou 2,9% na comparação com igual período de 2014 – o pior resultado já registrado na série iniciada em 2012, de acordo com o IBGE.

Participação

Os serviços respondem por aproximadamente dois terços da renda gerada pela economia brasileira. Diante do quadro desfavorável, a Pesquisa Mensal de Serviços, embora não inclua todos os setores investigados no Produto Interno Bruto (PIB), traz sinalizações não muito animadoras, segundo especialistas.

Nos cálculos da economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, a receita real de serviços caiu 5,1% ante os primeiros três meses de 2014. “Nesse contexto, o PIB de janeiro a março deve registrar uma retração de 1% (na comparação com o quarto trimestre do ano passado), especialmente devido a um recuo de 1,1% do PIB de serviços”, disse.

Sem perspectivas de melhora da economia ao longo do ano, o setor deve ter peso importante também no recuo do PIB este ano, previu a economista da Tendências. Ela projeta uma queda de 0,3% no PIB de serviços em 2015, o que seria o pior resultado desde 1994.

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