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O avanço da receita de serviços em março foi puxado pelo segmento de transportes, já que o dólar mais valorizado ante o real no período estimulou exportações de grãos e carnes. “Março foi o primeiro mês em que a balança comercial brasileira ficou positiva, o superávit foi de US$ 458 milhões. Então, o aquecimento da demanda foi do setor de agronegócio”, afirmou Roberto Saldanha, gerente do IBGE.

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O setor de serviços apresentou uma ligeira recuperação em março, mas insuficiente para animar os analistas. No mês, a receita do setor cresceu, em termos nominais, 6,1% em relação a março do ano passado. O resultado é melhor do que o dos dois primeiros meses de 2015, mas, ao descontar o efeito da inflação, o setor não escapou de nova queda.

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“Descontada a inflação de serviços, a receita real do setor recuou 1,9%, a décima terceira queda consecutiva nesse tipo de comparação”, destacou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Por isso, a aceleração é vista com reservas por economistas e pelo próprio IBGE, responsável pelos números.

Há pouco mais de um ano, a receita nominal de serviços crescia a taxas de dois dígitos – mesmo com uma inflação elevada no setor, garantia-se algum avanço real. Agora, a maior cautela das famílias e a demanda reduzida da indústria, do comércio e dos governos impactaram diretamente a receita da atividade.

“Eu chamaria (o resultado de março) de uma ligeira recuperação. Mas não podemos afirmar que é o começo de uma recuperação contínua”, afirmou Roberto Saldanha, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. “Nós temos hoje um quadro de desaquecimento na indústria e no comércio. No geral, os governos estão num processo de contenção orçamentária e, com isso, cortando seus gastos.”

No primeiro trimestre, a receita nominal da atividade avançou 2,9% na comparação com igual período de 2014 – o pior resultado já registrado na série iniciada em 2012, de acordo com o IBGE.

Participação

Os serviços respondem por aproximadamente dois terços da renda gerada pela economia brasileira. Diante do quadro desfavorável, a Pesquisa Mensal de Serviços, embora não inclua todos os setores investigados no Produto Interno Bruto (PIB), traz sinalizações não muito animadoras, segundo especialistas.

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Nos cálculos da economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria Integrada, a receita real de serviços caiu 5,1% ante os primeiros três meses de 2014. “Nesse contexto, o PIB de janeiro a março deve registrar uma retração de 1% (na comparação com o quarto trimestre do ano passado), especialmente devido a um recuo de 1,1% do PIB de serviços”, disse.

Sem perspectivas de melhora da economia ao longo do ano, o setor deve ter peso importante também no recuo do PIB este ano, previu a economista da Tendências. Ela projeta uma queda de 0,3% no PIB de serviços em 2015, o que seria o pior resultado desde 1994.