O preço dos ovos de Páscoa para o consumidor subiu, em média, 9,5% em comparação com o ano passado, segundo levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Produtos que os substituem sofreram reajustes ainda maiores: o chocolate em barra subiu 27,1% em um ano, e os bombons, 13,6%.
Nos últimos três anos, os ovos ficaram 43% mais caros. “O aumento dos custos de produção do chocolate é o principal motivo da alta. Questões climáticas reduziram a oferta global de cacau, elevando o preço do insumo”, explica Guilherme Moreira, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe.
Até agora, consumo de chocolate se mostra resiliente
Mesmo com os preços mais elevados, a expectativa é de que as vendas de ovos de Páscoa devem se manter estáveis em relação a 2024, de acordo com a Kantar, consultoria internacional especializada em consumo.
A indústria planeja produzir 45 milhões de ovos de chocolate nesta época, 22% menos que no ano passado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab). O portfólio conta com 804 itens, dos quais 94 lançamentos.
Segundo a Kantar, o consumidor brasileiro está adaptando suas escolhas para equilibrar o orçamento, apostando em opções mais econômicas, como barras, caixas de variedade e bombons. A indústria investe em embalagens menores para reduzir os preços finais, enquanto o varejo diversifica a oferta para atender diferentes faixas de consumo.
O cenário macroeconômico brasileiro levanta preocupações sobre o consumo de chocolates após a Páscoa. A inflação persistente e as altas taxas de juros afetam diretamente o poder de compra dos consumidores, influenciando nas decisões de compra.
Além disso, a desaceleração do crescimento do PIB pode limitar ainda mais a capacidade de gasto da população, forçando os consumidores a reavaliar suas prioridades, segundo análise da Kantar.
Oferta de cacau está em baixa e última safra enfrentou problemas climáticos
O principal problema é a baixa oferta mundial de cacau, agravada por extremos climáticos, como secas e chuvas intensas, e pelo envelhecimento das áreas produtivas na África Ocidental, que responde por 60% da produção global. Os problemas com o tempo e a degradação das terras reduziram a produtividade e favoreceram o surgimento de pragas.
Já são três anos consecutivos de déficit na oferta global de cacau. Essa instabilidade mantém os preços elevados. Em Nova York, as cotações futuras do cacau chegaram em 2024 a três vezes o valor registrado no anterior. Mesmo com uma queda de 28% neste trimestre, os preços ainda são o dobro dos verificados há quase dois anos.
Grandes fabricantes, como Mondēlez e Hershey, reportaram impactos financeiros devido à inflação no custo do cacau. Para preservar margens de lucro, a indústria adota estratégias como redução do tamanho das embalagens e ajustes na oferta.
No cenário nacional, o Brasil, sexto maior produtor de cacau em 2024, também enfrentou desafios. Extremos climáticos e pragas, como a vassoura-de-bruxa e a podridão-parda, comprometeram a produção local e elevaram a dependência de importações. O volume de amêndoas entregues às indústrias foi 18,5% menor que em 2023, atingindo 179,4 mil toneladas, segundo a Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).
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