Casa para alugar em Curitiba: primeiro trimestre é o de maior demanda| Foto: Rodolfo Bührer/ Gazeta do Povo

Rendimento

Segmento oferece bom retorno

A valorização média de 23% ao ano entre 2005 e 2009 dos imóveis em Curitiba constatada pelo Inpespar tem atraído muitos investidores ao mercado imobiliário. Nesta conta, considerando uma inflação em 4,5%, o retorno real por ano é próximo a 18%. "Na minha base de clientes, percebo que quem investe em um imóvel para alugar tem um retorno entre 0,5% e 0,8% por mês, sendo que o retorno dos apartamentos menores é maior porque a competição é mais alta. Qual é a aplicação financeira que te dá isso?", diz o diretor do Secovi Roberto Gonzaga.

Se de um lado os aluguéis estão caros, no outro lado do balcão quem investe no mercado imobiliário se diz satisfeito com o rendimento. "Nos últimos seis ou oito meses temos percebido uma melhora nos preços, e também na procura", diz Maria Izabel Brandalise, proprietária de sete imóveis dedicados à locação em Curitiba. "Poupança rende muito pouco, o mercado de ações flutua muito, e nós achamos que imóvel é um tipo de investimento bastante seguro", diz.

Sua primeira experiência com locação de imóvel foi em 1987, mas atualmente a renda familiar vem 100% do aluguel do patrimônio imobiliário. Apesar de pagarem pelos serviços de uma imobiliária de confiança, ela e o marido se dedicam ao assunto profissionalmente. "Na prática é a minha profissão, porque demanda bastante tempo e dedicação. Os canos do banheiro nunca avisam em que horário vão estourar", brinca.

A agenda de locação, assim como das grandes imobiliárias, está apertada. "O máximo que meus imóveis ficam parados é um mês, quando precisam de alguma manutenção. Hoje estou com um apartamento vago, porque um inquilino que estava conosco há três anos entregou a chave. Mas eu já tenho outro candidato interessado, que já está correndo atrás da papelada", diz.

Ela diz que está satisfeita com o rendimento da família. "Temos plano de saúde, pagamos escola particular. Também temos uma reserva na poupança", conta. "É um mercado sazonal, tem época que congela, mas como sempre mantemos um bom relacionamento com os inquilinos e a administradora, a gente contorna", diz.

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Reajuste dos aluguéis em Curitiba está superior a todos os indicadores de inflação mais utilizados
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O preço dos aluguéis em Curitiba está subindo mais do que qualquer índice de preços. Nos últimos 12 meses, o valor médio dos imóveis ofertados aumentou 6,7% no segmento residencial e 11,1% no comercial. No mesmo período o IGP-M, índice mais usado para reajustar os contratos imobiliários, subiu apenas 1,9%. Isso significa que o valor cobrado em novos aluguéis residenciais subiu em um ritmo 3,5 vezes mais rápido do que o IGP-M, enquanto no segmento comercial a aceleração foi 5,8 vezes maior. Os aumentos também estão mais elevados do que o IPCA, índice usado para medir a inflação oficial do país, que ficou em 5,2% no mesmo período.Somente em março, o aumento médio dos aluguéis residenciais foi de 1%, puxado pelas quitinetes (6,8%). Nos comerciais, as lojas (5,1%) influenciaram fortemente na alta de 3,2%. O preço médio de aluguel por metro quadrado residencial em Curitiba fechou o mês em R$ 10,37, sendo que quitinetes (R$ 14,18) e apartamentos de um dormitório (R$ 12,68) têm preços médios mais elevados do que casas de quatro dormitórios (R$ 11,65) e sobrados (R$ 9,63).

Como o aluguel é uma espécie de remuneração pelo uso do imóvel, profissionais do mercado apontam que existe uma correlação direta entre a forte valorização pela qual passa o mercado imobiliário e os preços de locação. O mercado de novos tem crescido entre 15% e 20% por ano, segundo dados do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR). Já os usados viram o preço do metro quadrado aumentar em média 23% ao ano entre 2005 e 2009, segundo levantamento do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), vinculado ao Secovi.

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Demanda

O outro fator que pressiona diretamente os preços do aluguel é a relação entre oferta e demanda. Os períodos de maior procura por imóveis, e consequentemente de maior pressão nos preços, são de janeiro a março, e julho. Este movimento é gerado principalmente em função do calendário letivo das escolas e faculdades.

Em 2010, porém, março foi um mês atípico, de acordo com o diretor do Secovi Roberto Gonzaga. "Março ainda é um mês bom, mas que normalmente já dá sinais de queda. Neste ano isso não aconteceu, toda a nossa base de associados sentiu continuidade da procura por locação. Os diretores das imobiliárias estão com um sorriso largo porque o mercado está aquecido mesmo fora de época", diz.A quantidade de imóveis disponíveis para locação também encolheu cerca de 18% nos últimos anos, segundo o diretor. "Hoje a oferta está em 6,5 mil, dos quais 4 mil são residenciais. Há cinco anos havia mais de 8 mil imóveis disponíveis. Como a oferta era bem maior, havia mais concorrência por preço. Hoje a situação é bastante diferente", diz.

De acordo com ele, em fevereiro o quadro de procura foi bastante perceptível. "Quem encontrou um imóvel do jeito que queria em fevereiro deu muita sorte, porque não tinha muita escolha. O estudante que queria alguma casa já mobiliada teve que procurar muito, porque não tinha disponível."

O coordenador de locação da Apolar Imóveis, Rafael Casa­grande, associa o mercado atual a uma recuperação da retração ocorrida 2009. "O ano passado foi melhor para as vendas, houve toda a liberação de crédito e incentivos para a compra da casa própria. Isso fez cair a procura por locação, e os preço por consequência. O atual movimento de alta nos aluguéis é uma espécie de retomada do mercado", avalia. De acordo com ele, a carteira da empresa está entre 10% e 15% superior à do mesmo período do ano passado.

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Em médio prazo, o aquecimento da construção civil deve ajudar a equilibrar os preços de locação, segundo a avaliação de Sidney Axelrud, presidente da Redeimóveis, associação de 12 grandes imobiliárias da capital. No entanto, no segmento comercial o processo de alta tende a continuar, em função da menor oferta. "A construção civil se voltou de forma muito forte para o segmento residencial, e a carência está se evidenciando nos imóveis comerciais. Como a legislação dos dois segmentos hoje é equivalente, o investidor do mercado imobiliário está preferindo o lado comercial, que é mais lucrativo", diz.