A chegada de novos empreendimentos ao mercado e o ritmo mais lento de locações devem elevar, ao longo do segundo semestre, os espaços vagos nos galpões logísticos. Diante desse cenário, consultorias imobiliárias preveem uma queda nos valores dos aluguéis desses imóveis, normalmente à beira de rodovias que abrigam empresas varejistas, transportadoras de mercadorias e pequenas indústrias.
"A demanda deu uma retraída. Por consequência, a velocidade de absorção dos empreendimentos caiu também", explicou Mario Sergio Gurgueira, diretor da Cushman & Wakefield. Segundo o executivo, o enfraquecimento da demanda por galpões reflete os menores níveis de consumo da população e da atividade industrial, fatores que alimentam a procura das empresas por espaços para armazenagem de produtos. "Enquanto não houver recuperação econômica conjuntural, não haverá recuperação no setor."
O executivo acrescentou que o crescimento de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre pode ser considerado um dado positivo, mas não suficiente para configurar tendência de recuperação da economia. "Desde que não seja algo pontual e ocorra também nos próximos trimestres, o PIB pode sinalizar melhora para a demanda", disse.
Diante do quadro atual, a vacância média dos galpões no Paraná, em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco deve passar de 9,1% no segundo trimestre para a faixa dos 10% até o fim do ano, segundo estimativa de Gurgueira. "A vacância maior abre chance de queda nos preços de locação, principalmente se a demanda se mantiver retraída", observou, ponderando que os aluguéis não vão passar por quedas bruscas. Apesar da baixa prevista, o executivo considerou saudável o nível de espaços vagos. Ele lembrou que o mercado sofreu com a pequena quantidade de estoques nos últimos anos, o que elevou bastante os valores das locações.
Já na avaliação do presidente da Colliers International no Brasil, Ricardo Betancourt, o ritmo mais lento de locação não está relacionado ao arrefecimento na demanda, mas sim à conclusão das obras de muitos projetos de galpões logísticos lançados entre 2011 e 2012, o que elevou significativamente a oferta.