Mercado
Polos fora do eixo Rio-São Paulo ainda não decolaram comercialmente
A demora na absorção dos empreendimentos da cidade não é uma exclusividade de Curitiba. Os mercados do Sul e do interior de São Paulo, que foram alvo da expansão dos grandes investidores do setor, também ainda encontram dificuldades para decolar nos primeiros meses após os principais lançamentos terem sido concluídos.
Segundo dados da Cushman e Wakefield, a taxa de vacância dos estabelecimentos de Rio de Janeiro e São Paulo, dois mercados que já estão consolidados há anos, é de 10%. A situação é confortável diante dos outros mercados. Em São José dos Campos (SP), por exemplo, um terço dos espaços estão sem utilização. Em Sorocaba e Campinas, a taxa de vacância estava em 29% e 14%, de acordo com o último levantamento.
"É normal. Alguns mercado levam até 18 meses para que os estabelecimentos cheguem a uma ocupação saudável", afirma o membro do conselho de infraestrutura da MV Consultoria, Sebastião Almagro.
A chegada de novos empreendimentos ao mercado e o ritmo mais lento das operações logísticas em larga escala devem manter o mercado de galpões para locação frio até o ano que vem. Por enquanto, as estimativas do mercado são de que os estabelecimentos estejam com uma vacância média próxima dos 20% da capacidade em Curitiba.
O mercado está em baixa depois do boom de lançamentos de grandes empreendimentos e condomínios logísticos. O cenário, que até poucos anos era de grande procura e poucos estabelecimentos para absorção, agora passa por um excesso de oferta de espaços. "A demanda deu uma retraída. Por consequência, a velocidade de absorção dos empreendimentos caiu também", explica o diretor da Cushman & Wakefield, que faz levantamentos dos espaços no país, Mario Sergio Gurgueira.
O lançamento de uma série de empreendimentos que ainda não foram absorvidos pelo mercado também é um fator apontado para o cenário em baixa. "Muitos estabelecimentos projetados em 2011 ou 2012 tiveram seus lançamentos feitos nos últimos meses. Leva um tempo para que eles decolem", afirma o membro do conselho de infraestrutura e logística da MV Consultoria, Sebastião Almagro.
Diante deste cenário, a estimativa da Cushman & Wakefield é de que 17% dos espaços dos galpões terceirizados estejam sem uso na cidade. A utilização abaixo da média também é reflexo do baixo crescimento nas operações industriais. "Uma fábrica normalmente já conta com seus centros de distribuição próprios ou que sempre utiliza. Estes empreendimentos novos estão aí para absorver o aumento de produção e vendas", afirma o economista especialista em logística Carlo Muraro.
Ano parado
Com a perspectiva pouco otimista, os administradores dos empreendimentos admitem que os novos galpões só passem a operar com movimentação mais intensa no ano que vem. "Estamos com uma série de prospecções, mas sabemos que os negócios neste ano estão um pouco mais lentos", afirma o presidente da Capital Realty, responsável pela implantação de um recém-inaugurado condomínio logístico em Campina Grande do Sul, Rodrigo Demeterco.
Mesmo assim, a expectativa é de que o setor volte a crescer intensamente nos anos seguintes. Segundo Demeterco, o seu empreendimento tem mais outras seis fases a serem lançadas nos próximos cinco anos.
Novos espaços apostam em exclusividade
Com a demanda enfraquecida, os novos empreendimentos estão apostando em serviços exclusivos para atrair os grandes clientes industriais. Os armazéns chamados de "classe A" oferecem pisos especiais, postos de gasolina exclusivos e alojamentos para buscar usuários. "Com uma demanda abaixo da oferta, os preços tiveram que se ajustar à nova realidade, mas serviços diferentes podem segurar estes valores", afirma o economista especialista em logística Carlo Muraro.
Segundo o presidente da Capital Realty, Rodrigo Demeterco, os novos empreendimentos apresentam um perfil tecnológico e operacional mais eficiente que os armazéns existentes. "É uma questão de evolução do mercado. Os novos galpões tendem a ser mais modernos, até como forma de atrair os clientes que já estão estabelecidos nos armazéns mais antigos e precisam otimizar a operação", afirma.
Com a onda de lançamentos, a Capital Realty estima que os empreendimentos classe A já representem 13% de toda a área de aluguel para operações logísticas em Curitiba e região metropolitana. Dentro deste conceito, as empresas passaram a oferecer, juntamente do aluguel do galpão, restaurantes, dormitórios, vestiários e postos de gasolina exclusivos para os caminhoneiros que trabalham nos transportes destas cargas.
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