Após cinco anos de estagnação, com reajustes negativos ou distantes dos índices oficiais, o valor cobrado pelos alugueis residenciais no país entraram em um movimento de retomada da valorização, com altas que já superam a inflação.
A constatação vem do Índice FipeZap de Locação Residencial, divulgado nesta terça-feira (16), que aponta alta nominal de 3,85% no preço médio cobrado pelo aluguel do metro quadrado nos últimos doze meses (tendo junho como referência), 0,47% superior ao registrado pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 3,37% no período. Em 2018, o reajuste foi de 2,33%, 1,42% abaixo da inflação de 3,75%. Os três anos anteriores acumularam índices negativos de 0,69% (2017), 3,23% (2016) e 3,34% (2015), ante uma inflação de 2,95%, 6,29% e 10,67%, respectivamente. Em 2014, o reajuste nos alugueis somou 2,83%, enquanto o IPCA registrou alta de 6,41%.
Quando analisado o acumulado nos primeiros seis meses de 2019, o cenário também é de otimismo. No semestre, o reajuste médio dos alugueis ficou em 3,45%, frente aos 2,23% registrados pelo IPCA, apresentando alta real de 1,19%.
"O mercado imobiliário sempre tem seu comportamento atrelado ao ambiente econômico, que está longe do ideal, mas significativamente melhor do que no passado recente. Quando se olha para o acumulado dos 12 meses, percebemos que os preços passaram para um terreno positivo em meados de 2018, mas somente a partir do começo deste ano vimos esta variação ultrapassar o IPCA. Por isso dizemos que ainda estamos no começo deste processo de retomada", explica o economista Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e coordenador do Índice FipeZap.
Cidades do Sul e Brasília concentram maiores altas
Em junho, o preço cobrado pela locação residencial no país era de R$ 28,90/m² (o valor leva em conta a média entre as 25 cidades monitoradas pela pesquisa). Entre as capitais, São Paulo foi a que apresentou o valor mais elevado (R$ 38,50/m²), seguida por Rio de Janeiro (R$ 30,64/m²) e Brasília (R$ 28,95/m²).
A maior valorização no acumulado dos últimos doze meses, com referência em junho, no entanto, foi registrada em Florianópolis, com alta de 11,88%, seguida por Curitiba (+11,16%) e Brasília (+7,47%).
"É sempre válido lembrar que as cidades do sul são locais onde tradicionalmente o desemprego é mais baixo. Em Brasília, por sua vez, além [do acumulado] de vários anos de queda [no preço], tivemos a mudança de governo, o que movimenta o mercado", aponta Zylberstajn ao listar os fatores que contribuíram para o resultado.
Na avaliação dele, o cenário de alta deverá se manter no segundo semestre, embalado pela dissipação da incerteza em relação à capacidade do governo de entregar suas reformas, em especial a da Previdência, e pela reação do mercado financeiro frente à perspectiva de trajetória positiva para as contas públicas.