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Sustentabilidade

Alumínio ameaça pôr fim à “era do plástico” no mundo das bebidas

Numa onda para se tornarem eco-friendly e atenderem consumidores cada vez mais ecologicamente conscientes, empresas do ramo de bebidas em vários países estão substituindo as garrafas de plástico por latas de alumínio.

Nestlé e Unilever já anunciaram planos para mudar o material das embalagens. A Coca-Cola informou que abrirá mão do plástico e que, nos EUA, envasará sua marca de água Dasani em latas de alumínio. A Pepsi fez o mesmo ao comercializar a água Aquafina em restaurantes e estádios.

No Brasil, a Ambev acaba de lançar a primeira água em lata no país. O produto será comercializado até o fim do ano em mercados, bares, restaurantes e e-commerce. A empresa espera vender mais de R$ 12,5 milhões de unidades em 2020. O preço sugerido é de R$ 1,79 (350 ml). "O alumínio é um material mais caro do que o plástico, mas esse custo não será refletido no valor final do produto", informou a Ambev em nota.

A linha faz parte do portfólio da AMA, marca que destina 100% de seu lucro para projetos de acesso à água potável nos nove estados do semiárido brasileiro. A empresa já destinou R$ 3,5 milhões para financiar 31 projetos que beneficiaram 29 mil pessoas. Atualmente no Brasil, 35 milhões de pessoas não são abastecidas com água potável.

""Ama é a primeira marca de água em lata lançada no Brasil. Foto: Divulgação. (Foto: Andrea Torrente)

A crescente rejeição dos consumidores a embalagens plásticas é um fator que está ganhando peso na indústria das bebidas. A Danone registrou queda nas vendas de 0,9% de água engarrafada no terceiro trimestre desse ano, no hemisfério Norte, boa parte por esse motivo.

A mudança do plástico ao alumínio tem impacto significativo em toda a cadeia produtiva. A previsão é que nos Estados Unidos a demanda pelo metal cresça 3% a 5% ao ano pelo menos até 2025. O país já dobrou as importações da matéria-prima nos últimos dois anos, de 7% a 15% da demanda interna. Cerca de 100 bilhões de latas de alumínio são consumidas por ano na América do Norte.

Com um consumo doméstico anual de 1,3 milhões de toneladas, o Brasil emprega 37% de seu alumínio para embalagens. Em 2018, o consumo do metal cresceu 11% em relação ao ano anterior.

Alumínio X plástico

O alumínio é uma opção mais sustentável e fácil de reciclar do que o plástico. Em 2017, o Brasil reciclou 295,8 mil toneladas do metal, equivalente a 97,3% das latas colocadas no mercado. É o maior índice do mundo, segundo levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas) e da Associação Brasileira do Alumínio (Abal).

O Japão está logo atrás do Brasil, com uma taxa de reciclagem de 92,5%. A média dos países europeus é de 73,6% e nos Estados Unidos o índice é ainda mais baixo: 63% do metal é reusado. O processo de reaproveitamento do alumínio consome apenas 5% da energia que seria utilizada na produção da mesma quantidade de metal primário e reduz em 95% a emissão de gases de efeito estuda, segundo a Abal.

Já o plástico tem índices de reciclagem bem menores no mundo todo. Nos Estados Unidos apenas 29% do material é reutilizado, segundo a Agência de Proteção Ambiental do país (EPA). No Brasil a taxa é de 2%, segundo o WWF. No mundo, só 20% do plástico é reciclado por ano. Pesquisa da Frontiers in Marine Science calcula que a maior parte do material, descartado como lixo, causa danos ambientais e sociais equivalentes a U$ 2,2 trilhões todo ano.

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