A gigante do comércio eletrônico Amazon tomou medidas legais contra cerca de mil pessoas que acusa de fazerem falsas resenhas de produtos que nunca usaram, em troca de pagamento. A decisão tenta conter um fenômeno que se espalhou pela internet e ameaça a credibilidade dos sites de vendas online.
A ação legal movida no Estado americano de Washington, onde fica a sede da empresa, afirma que a maioria dos processados prometia resenhas positivas e nota máxima de cinco estrelas por US$ 5 ou mais, além de encorajaram os vendedores a fornecer textos para a avaliação.
Maior empresa de comércio eletrônico do mundo, com um valor de mercado de US$ 247 bilhões, a Amazon revelou ter conduzido sua própria investigação para chegar aos 1.114 falsos resenhistas processados, todos identificados como “John Does”, já que a empresa desconhece seus nomes reais.
“Ainda que em pequeno número, essas resenhas podem prejudicar de forma significativa a confiança que consumidores e a vasta maioria dos vendedores e fabricantes depositam na Amazon, o que pode arranhar a marca”, afirma a empresa em sua ação legal.
Milhões de consumidores podem ter sido expostos a resenhas falsas, destinadas a promover produtos ou sabotar a imagem de outros. Como as avaliações são cada vez mais usadas como base para as compras online, todo um comércio de resenhas encomendadas floresceu na internet.
Para combater as fraudes, uma campanha apoiada por donos de restaurantes, críticos de gastronomia e clientes pede que o site TripAdvisor exija das pessoas que publicam resenhas que enviem o recibo da refeição, para provarem que de fato comeram no estabelecimento avaliado. O TripAdvisor abriga mais de 250 milhões de resenhas e também foi alvo da ação dos falsificadores.
Segundo o crítico gastronômico do jornal londrino Observer, Jay Rayner, a campanha #noreceiptnoreview (sem recibo, sem resenha, em inglês), é uma forma de restaurar a credibilidade das avaliações publicadas em sites como o TripAdvisor, cuja audiência depende delas.
“O TripAdvisor admitiu que tem um problema com falsas resenhas, e se você tem um modelo de negócio que funciona na base da confiança, então é melhor fazer alguma coisa para protegê-la”, disse Rayner, afirmando que deixou de ler as avaliações após a revelação de que muitas eram falsas.