Um drone de entregas. Um armazém voador. Uma assistente pessoal com avançados recursos de inteligência artificial. A enxurrada de notícias sobre a Amazon nos últimos meses mostra como a empresa, nascida em 1994 como uma loja de livros on-line, se transformou num império diversificado de negócios e apostas promissoras potencializados pela tecnologia.
Mas, afinal, quando a Amazon será no Brasil a potência que é nos Estados Unidos? A pergunta é feita com frequência a Alex Szapiro, gerente geral da Amazon no Brasil, desde a chegada da empresa por aqui, em dezembro de 2012. A resposta do executivo é sempre a mesma: “Não temos pressa”. “A cultura da empresa é que a gente só vai para uma próxima fase quando sentimos que fizemos bem uma coisa”, explica Szapiro.
A Amazon começou no Brasil apenas vendendo o Kindle, seu leitor eletrônico, e uma biblioteca de 13 mil livros digitais em português - hoje, são 97 mil volumes digitais. Em agosto de 2014, passou a vender livros físicos no país. A relação com as editoras era difícil, por conta do retrospecto da empresa em negociações nos EUA. “Foi frustrante”, conta Szapiro.
Hoje, a situação é outra. “Eles são exemplares na negociação e abrem muitos dados para nós sobre as vendas”, diz um editor que preferiu não se identificar. “Nosso único receio é que eles mudem de postura quando se tornarem líderes do mercado.”
O aumento da confiança na empresa também se refletiu em crescimento. Sem revelar números absolutos, Szapiro afirma que os negócios aumentam a uma taxa de dois dígitos ao ano, considerando vendas do Kindle, livros físicos e digitais e até mesmo o serviço de assinatura de livros digitais, Kindle Unlimited. “Hoje, o Brasil está na dianteira mundial do Unlimited”, diz o executivo, se referindo à participação do serviço na receita local da empresa.
Nuvem
Além de vender livros, a empresa tem outros negócios no País: há a loja de aplicativos para Android, a Amazon Appstore, e o serviço de streaming Prime Video, recém-chegado ao País com catálogo reduzido. “Temos o desafio de melhorar isso com o decorrer do tempo”, diz Szapiro.
Fora do guarda-chuva de Szapiro, há também operação da Amazon Web Services (AWS), que tem, pelo menos, seis data centers na região. Entre os clientes, estão startups como Nubank e Guia Bolso, mas também gigantes como a Gerdau e Ministério do Planejamento.
Concorrência
O principal desafio da Amazon no Brasil é se tornar mais conhecida. “Para grande parte da população, a Amazon não significa nada”, diz Pedro Guasti, presidente da consultoria especializada em comércio eletrônico E-Bit. “Será preciso um esforço para tornar a marca mais conhecida.”
Um exemplo citado por Guasti é o marketplace – serviço que permite anúncios de produtos de terceiros dentro da loja virtual. No Brasil, a empresa não oferece o recurso, que está presente em e-commerces como Ponto Frio e Submarino. “Não dá para subestimar a Amazon”, diz Guasti. “Mas o Brasil é um bicho diferente e o mercado local segue crescendo.”