A Ambev enxerga um cenário melhor para a venda de cerveja em 2014 e prevê o lançamento da marca Corona no Brasil no segundo semestre, dentro da estratégia de aumentar o peso dos rótulos premium, com maior margem, no volume total comercializado.
Em teleconferência com analistas nesta quarta-feira (26), o diretor geral da companhia, João Castro Neves, afirmou que a Corona deverá estrear no Brasil após a Copa do Mundo, posicionada como uma cerveja "super premium".
A marca passou a integrar o portfólio global da AB InBev, controladora da Ambev, após a companhia comprar o controle do grupo mexicano Modelo, num negócio anunciado em 2012.
No ano passado, as marcas premium da Ambev responderam por cerca de 7% do volume de cerveja da empresa no Brasil, com avanço de dois dígitos em marcas como Original, Budweiser e Stella Artois, incluídas pela empresa nesta categoria.
Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Nelson Jamel, o percentual ficou acima do peso de 5% a 6% do segmento premium no mercado em geral.
A participação das cervejas mais caras da Ambev cresceu na contramão dos números totais da empresa: o volume de cerveja vendido pela companhia recuou 4,3% no Brasil em 2013, afetado por fatores como inflação e clima desfavorável.
Classificando a estreia ainda sem data da Corona como uma "adição importante" na plataforma de marcas globais, Jamel afirmou que vê uma clara tendência de expansão para o segmento premium.
"Não temos número específico, mas quando olhamos outros mercados desenvolvidos, o peso de marcas premium no total atinge mais de 10%, 15%, até 25%", afirmou. "É uma distância grande dos 7% que temos hoje para os 25%, então tem muito espaço para crescer", completou.
Jamel afirmou que as perspectivas para o setor em geral também são positivas em 2014, com a indústria cervejeira voltando a mostrar aumento de volume, apoiada por preços menores.
"A nossa expectativa para o ano de 2014 é ter preços em patamares inferiores ao que a gente viu. É o principal fator para cenário de crescimento de volume. Lógico que aí você soma Copa do Mundo", afirmou o executivo.
Ele chamou o evento esportivo de "um verão no meio do ano", em função do aumento de vendas esperado para um período que é tradicionalmente mais morno para a empresa.
"Tivemos uma experiência bem positiva com a Copa das Confederações no ano passado, foi único período do ano em que nosso volume chegou a crescer um pouquinho ou pelo menos não cair", disse.
Os investimentos da companhia no Brasil deverão ficar próximos dos níveis observados em 2013, quando fecharam em R$ 2,8 bilhões, de um total aplicado pela companhia de 3,8 bilhões no ano.
A Ambev vai inaugurar duas fábricas no Brasil em 2014: uma em Uberlândia (MG), em março, e outra em Ponta Grossa (PR), ainda sem previsão de abertura.
Resultados
No quarto trimestre, a companhia melhorou os resultados operacionais apesar da queda nos volumes no Brasil, seu principal mercado, apoiando-se no aumento de preços e em uma menor alíquota efetiva de impostos. Antes da abertura do mercado, a Ambev divulgou um avanço de 27,2% no lucro líquido trimestral ante igual período de 2012, a R$ 4,75 bilhões.
No consolidado do 2013, a Ambev elevou o lucro líquido em 9%, a R$ 11,35 bilhões de reais, e a receita líquida em 7,9%, a R$ 34,8 bilhões, apesar de uma queda de 2,7% no volume geral.
"Gostaríamos de ter visto melhores tendências de volume ao longo de 2013, mas a Ambev conseguiu entregar bons resultados no ano, especialmente no segundo semestre, na esteira de sua estratégia em preços, inovação e (segmento) premium", disse o Itaú BBA, em relatório assinado por Thiago Macruz.
"Considerando a taxa de imposto mais baixa, acreditamos que os ganhos poderiam crescer acima de 20% em 2014, suportando um bom desempenho para a ação", afirmou o BBA.