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Inflação

Ameaça de pressão dos alimentos na inflação diminui

Quatro índices de inflação divulgados nos últimos dias jogam uma pá de cal sobre os temores de que os preços dos alimentos pudessem representar uma ameaça à inflação. A pressão que vinha especialmente do setor de laticínios se dissipou e a que vem agora de cereais não deve ter o mesmo impacto nos índices, dizem especialistas.

IPCA-15 (IBGE), o IPC (Fipe) e o IPC-S (FGV) mostraram queda da inflação. E o IGP-M (FGV) , divulgado nessa quinta-feira, também mostrou queda nos alimentos no varejo (de 1,24% para 0,11%), embora a taxa geral tenha acelerado de 0,98% em agosto para 1,29% em setembro.

- A pressão sobre o grupo de laticínios por conta da demanda aquecida no mercado internacional está cedendo - diz André Braz, da FGV. - Em outubro a expectativa é de que a desaceleração do leite longa vida se intensifique e contamine toda a cadeia de laticínios.

De janeiro a agosto o leite longa vida e os itens que integram a família de laticínios acumularam a maior alta do plano real, respectivamente 56,54% e 32,42%, segundo a FGV.

Alta nos cereais não deve contaminar cadeia produtiva

A redução da inflação só não está sendo maior por causa da alta de preços no atacado de cereais como arroz, soja, trigo, milho e feijão. Foi por causa deles que o IGP-M atingiu o maior nível (1,29%) em setembro em três anos.

Dois terços da inflação total do mês veio dos produtos agrícolas inseridos no Índice de Preços no Atacado (IPA), que responde por 60% do IGP-M. Os produtos agrícolas subiram 5,57% em setembro e 17,03% nos últimos 12 meses, com destaque para soja (11,89%), milho (17,17%) e trigo (14,33%).

Mas a alta desses produtos no atacado não deve contaminar a cadeia produtiva, explicou Salomão Quadros, da FGV. A exceção é o trigo, que pode pressionar o custo do pão francês.

Além do pãozinho, para os próximos índices a FGV já começou a captar aumento dos preços da carne, mas nada que frente ao repique de inflação observado nos últimos meses.

- A aceleração é bem discreta - diz Braz. - Esse mercado sobe sazonalmente em outubro.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe) no município de São Paulo subiu 0,18% na terceira quadrissemana do mês, com pequena queda em relação ao estudo anterior, quando a inflação foi de 0,19%. Os preços ligados à alimentação ainda pressionaram o índice, mas com menos força do que na pesquisa anterior: o grupo saiu de uma alta de 1,17% para 0,79%.

O IPC-S referente ao período de um mês encerrado em 22 de setembro de 2007 registrou variação de 0,25%, taxa 0,07 ponto percentual abaixo da registrada na semana anterior e o menor resultado desde a quarta semana de novembro de 2006 (0,24%). O grupo Alimentação foi o que registrou o maior recuo, passando de 0,46% para 0,22%. A desaceleração foi influenciada pelo leite tipo longa vida, que passou de -0,37% para -3,38%.

Na sexta-feira, o IPCA-15 referente a setembro (uma prévia do que será o IPCA fechado do mês) também mostrou que não há disseminação de pressões. O índice registrou alta de 0,29%, contra 0,42% em agosto. A expectativa dos economistas era de alta de 0,37%.

Previsão de queda da inflação

Na avaliação do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), que reúne economistas de diversas instituições financeiras, o IPCA de setembro deve ficar em 0,24%, contra 0,47% no mês anterior. Já o de outubro é estimado em 0,28%.

A economista-chefe do Banco Fibra, Maristella Ansanelli, destaca que a desaceleração mostra que a alta de agosto não sinaliza tendência e, portanto, não representa grande ameaça à inflação. Na falta de sinais de alta na demanda e com a queda da inflação dos alimentos, o banco revisou para baixo a projeção para o IPCA em setembro, de 0,35% para 0,25%.

Para o IGP-M, a estimativa da FGV é que o índice caia para cerca de 1% em outubro e feche o ano em torno de 5%.

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