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Fórum de Agricultura

América do Sul tenta mapear mercados

O ministro Antônio Andrade: segundo ele, Brasília dá prioridade ao agronegócio | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
O ministro Antônio Andrade: segundo ele, Brasília dá prioridade ao agronegócio (Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo)
Ken Ash, da OCDE: América Latina é decisiva para o equilíbrio de preços |

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Ken Ash, da OCDE: América Latina é decisiva para o equilíbrio de preços

Na dianteira da oferta mundial de alimentos, a América do Sul aposta em ganho contínuo de escala na produção rural. Mas o mercado internacional espera mais do que isso. Quer envolver a região na discussão sobre segurança alimentar – que exige crescimento ordenado – e em sustentabilidade ambiental, mostrou ontem o 1º Fórum de Agricultura da América do Sul, que reúne mais de 300 lideranças, especialistas e autoridades do agronegócio de seis países do continente: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

Com recorde atrás de recorde na colheita de grãos, o Brasil se mantém atento a exigências de qualidade dos mercados consumidores, disse o ministro da Agricultura do Brasil, Antônio Andrade. "Exportamos para 160 países, eles esperam isso de nós", frisou, "o mundo acredita e espera que possa aproveitar o potencial da América do Sul para a produção de alimentos".

Pela primeira vez no Paraná desde que assumiu o cargo, em março, Andrade considera que o país tem condições de atingir 90 milhões de toneladas de soja em 2013/14 pela primeira vez. Isso significa nova ampliação das exportações do setor, apontou. Os embarques do setor estão superando a marca de US$ 100 bilhões.

O aumento na produção da região tem a função de compensar um ritmo menor em outros continentes, apontou Ken Ash, diretor de Agricultura e Comércio da Organização para a Cooperação e Desen­volvimento Econômico (OCDE). Ele diz que a participação da região no mercado internacional não é apenas um número, mas um fator decisivo para o abastecimento e o equilíbrio dos preços dos alimentos. Isso faz com que o futuro para os agricultores seja promissor, desde que sejam estabelecidas políticas governamentais eficientes. "Os países desenvolvidos ainda preferem continuar comprando matéria-prima, mas é possível encontrar mercados para os produtos industrializados", aponta. Ele avalia que o fomento a inovação é um dos pontos-chave nesse processo.

A implantação dessas políticas está ganhando força entre os membros do CAS, destacou Gonzalo Souto, representante do ministério da agricultura do Uruguai. "Essa região do mundo ainda tem um grande potencial de crescimento e os Ministérios da Agricultura desses países estão coordenando esforços para promover uma expansão articulada", salientou.

Países ainda desconhecem vizinhos

Os países sul-americanos sabem pouco sobre o que os vizinhos plantam para viver ou a respeito de seus hábitos. Os seis participantes do 1º Fórum de Agricultura (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) assumiram que deveriam conversar mais, especialmente no painel sobre produtos de interesse nacional. Se a falta de informações sobre a demanda regional representa desperdício de mercado para a agropecuária, o quadro se agrava em relação às culturas menos conhecidas.

O Paraguai vê um amplo mercado para a estévia, mas volta-se à China e vende pouco na América do Sul. A Bolívia aposta na quinoa porém encontra maior interesse na Europa. A demanda sul-americana por esses dois produtos ainda é desconhecida, apontaram os palestrantes Victor Hugo Vás­quez, vice-ministro de Desenvolvimento Rural da Bolívia, e Javier Casaccia, che­fe do Programa de Pes­quisas de Estévia e Ervas Me­dicinais do Paraguai.

"Ampliamos o cultivo de 131 mil para 160 mil hectares de quinoa na Bolívia, mas temos 8 milhões de hectares que podem ser usados nessa cultura", disse Vásquez. Ele fez questão de convidar a plateia para conhecer a alternativa alimentar em seu país, em evento que vai fazer uma espécie de lançamento internacional do grão milenar (em Oruro, dias 14 e 15 de dezembro).

Casaccia teve de esclarecer aos participantes de sua palestra – que disputou público com discussões sobre trigo, carnes e biotecnologia – que a estévia não compete com a produção de açúcar. Atende à indústria medicinal e também à indústria de alimentos que tentam oferecer, por exemplo, bebidas menos calóricas.

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