O debate sobre as soluções para a crise econômica mundial dominou a abertura da cúpula dos países do Mercosul nesta terça-feira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião da série de encontros de líderes da América Latina e do Caribe, defendeu um papel ativo da região para enfrentar a turbulência.

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Logo no início do discurso, Lula fez uma referência especial à presença do presidente de Cuba, Raúl Castro, que está no Brasil pela primeira vez, para participar das reuniões.

"Uma crise como a atual exige transformações profundas na forma de decidir as grandes questões econômicas e políticas do mundo. É por isso que afirmei reiteradamente ter chegado a hora da política", disse Lula.

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"O Mercosul, juntamente com nossos amigos da América Latina e Caribe, não assistirá passivamente ao debate sobre a crise mundial. Teremos papel importante a jogar na construção de uma nova arquitetura política e econômica internacional multipolar e multilateral."

Ainda nesta tarde os governantes participam da reunião da Cúpula da América Latina e do Caribe, a primeira realizada sem a presença dos Estados Unidos e da União Européia e com a participação de Cuba.

Encontros da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Grupo do Rio também estão previstos até quarta-feira. Na reunião desta manhã do Mercosul estavam presentes cerca de 20 presidentes e chefes de Estado. A região reúne 33 países.

Castro foi o primeiro a chegar à Costa do Sauípe, na noite de segunda-feira. Nesta manhã, na chegada à cúpula, Lula e Castro brincaram com a imprensa sobre uso de sapatos, em referência ao incidente com o presidente norte-americano, George W. Bush. Segundo o presidente cubano, a partir de agora não se deveria mais usar sapatos nesse tipo de evento.

No discurso, Castro, que substituiu seu irmão Fidel na Presidência, classificou de injusto o sistema econômico que levou à crise.

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"Acompanhamos de perto os esforços do Mercosul para a integração. Mas, entre os obstáculos, estão os efeitos de uma ordem econômica internacional injusta e egoísta que favorece os países desenvolvidos e os interesses das grandes corporações internacionais. A crise econômica internacional atual é sua manifestação mais grave e verdadeira", disse Castro.

O presidente do Equador, Rafael Corrêa, não deixou de demonstrar suas preocupações com o financiamento da economia. Defendeu a criação de um fundo de reservas regional e o prosseguimento das discussões sobre um Banco do Sul, já aprovado há cerca de um ano e ainda não implementado.

Corrêa tenta suspender o pagamento ao Brasil de um empréstimo para a construção de uma hidrelétrica que apresentou defeito.

"A crise não foi causada pelos emergentes, mas provavelmente teremos que pagar um alto custo por ela", criticou Correa.

SEGURANÇA

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Com tantas autoridades, o balneário de Sauípe, que reúne um conjunto de hotéis de lazer à beira-mar a cerca de 100 quilômetros de Salvador, se transformou em fortaleza para abrigar as cúpulas.

Soldados do Exército estão em toda parte, realizando várias atividades, inclusive algumas bizarras como orientar o trânsito ou mesmo policiar a areia da praia.

Do mar, a vigilância é feita por um navio de guerra e, no amplo complexo, só se circula com o uso de crachás de identificação, atentamente checados pelos seguranças.