A norte-americana Sara Lee anunciou ontem um acordo para a aquisição da Café Damasco, líder no mercado de cafés na Região Sul, por cerca de R$ 100 milhões. Tradicional marca paranaense, a Damasco completou 50 anos em 2010, emprega 200 pessoas e é considerada a sétima maior torrefadora de café do país. Em comunicado, a Sara Lee informa que a transação deverá ser concluída hoje e será protocolada com as autoridades brasileiras de concorrência para análise e aprovação.
"A aquisição da Café Damasco criará uma posição de maior firmeza à Sara Lee no território brasileiro, devido à forte posição no mercado da Damasco no Sul do Brasil. A operação também irá trazer (...) uma melhor posição competitiva no Nordeste, graças à excelente unidade de produção da Damasco nessa área", afirmou em comunicado Frank van Oers, CEO da Sara Lee bebidas e panifícios internacionais. O valor do negócio equivale ao faturamento líquido anual da Damasco, de R$ 100 milhões (US$ 60 milhões).
Com faturamento mundial de US$ 11 bilhões, a Sara Lee é líder no mercado de cafés no Brasil desde 2000, com as marcas Pilão e Caboclo, adquiridas da Companhia União. A empresa desembarcou no país em 1998, quando comprou a Café do Ponto, e vem imprimindo um forte ritmo de expansão. A última aquisição foi a Café Moka, de São Paulo, em 2008. Mas a disputa apertada pela liderança com a rival 3Corações, joint venture entre a brasileira Santa Clara e a israelense Strauss-Elite, teria feito a empresa retomar as aquisições. "O mercado de cafés é um negócio bastante regionalizado no Brasil, o que faz com que seja muito mais interessante a compra de uma marca local, reconhecida e com uma boa participação de mercado", afirma Christian Majczak, da GO4! Consultoria. Por isso, é pouco provável que haja alguma mudança na marca. A Damasco recebeu o prêmio Top of Mind da Revista Amanhã deste ano como a marca mais lembrada na categoria cafés no Paraná. Ainda não se sabe se a aquisição contemplará redução de pessoal.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo de café no Brasil deve crescer 5% nesse ano, para 19,3 milhões de sacas. A meta do setor é chegar a 21 milhões de sacas até 2012. Em 1990, o consumo era de 8,2 milhões de sacas.
A Damasco é a segunda empresa paranaense do setor de bebidas, em três anos, a passar para as mãos de uma mutinacional. Em 2007, a centenária Leão Júnior, dona da marca de chás Matte Leão, foi adquirida pela também norte-americana Coca-Cola.