O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, voltou a defender nesta sexta-feira (22) um tratamento especial para a Argentina em um ainda possível acordo na Rodada Doha. Os argentinos querem mais proteção para a sua indústria. Para Amorim, a situação do país vizinho é compreensível, pois houve um processo de desindustrialização grave, que foi impulsionado inclusive por agências internacionais, de modo que ela merece um tratamento especial.

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O chanceler admite, no entanto, que não seria possível, no cenário de negociação atual, a aprovação de uma solução sistêmica, que pudesse ser aplicada a todos os países, já que, segundo ele, poucos países defenderam algum mecanismo de proteção Argentina.

Eu não vejo uma massa de apoio importante a transformar o problema da Argentina em um problema sistêmico. Se for uma solução específica, eu acho que nós podemos resolver. Se for uma solução para todos, eu não creio nisso, afirmou o ministro.

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Amorim reafirmou que ainda é possível retomar as negociações da Rodada Doha, interrompidas em Genebra, na Suíça, há um mês. Só que, para o chanceler, o tempo que antes ainda era classificado como uma janela de oportunidade só pode ser considerado uma fresta, que poderia durar até o final de setembro e meados de outubro, para se decidir sobre os principais elementos, como as salvaguardas especiais. Depois desse prazo, ele acredita que somente em dois ou três anos seria possível retomar um processo de negociação.

O capital de credibilidade que tem o processo [da Rodada Doha] naturalmente sofreu um baque muito grande. Ele pode reviver agora, mas se deixar muito tempo, vai embora, disse.

Amorim destacou que as conversas que têm sido mantidas com chefes de Estado e ministros de diversos países, como a China, a Índia, a Indonésia, os Estados Unidos e o Quênia, têm demonstrado vontade política para retomar as negociações. Para ele, os sinais recebidos nessas conversas são moderadamente encorajadores.

Se houver uma disposição política de encontrar uma solução [especialmente para as salvaguardas especiais para importação de produtos agrícolas], ela é possível, afirmou o ministro. Contudo ele ressaltou que ainda não existe uma fórmula para essa solução.