O conselho de administração da operadora de telefonia Telecom Italia, dona da TIM, revogou nesta terça-feira (13) o mandato do CEO do grupo, Amos Genish, que estava no cargo desde julho de 2017. Segundo fontes da empresa, Genish, que havia sido nomeado pelo grupo francês Vivendi, maior acionista da companhia, perdeu o apoio da gestora de recursos norte-americana Elliott, que controla o conselho de administração.
O cargo de CEO será assumido interinamente pelo presidente da TIM, Fulvio Conti, até 18 de novembro, quando o conselho se reunirá novamente para definir o substituto de Genish. Por meio de uma nota, a empresa agradeceu ao executivo pelo “trabalho desenvolvido no interesse da sociedade e de todos os seus stakeholders”.
A demissão chega poucos dias depois da divulgação dos resultados da TIM no terceiro trimestre, que mostraram um prejuízo acumulado de 800 milhões de euros nos nove primeiros meses de 2018 após a decisão do conselho (controlado pela Elliott) de desvalorizar seu aviamento (lucro potencial) em 2 bilhões de euros.
Para a Vivendi, essa decisão é uma forma de tentar “desestabilizar” a operadora. No início de maio, quando a Elliott venceu a disputa para controlar o conselho da TIM, o grupo francês já a havia acusado de querer “desmantelar” a empresa.
A Vivendi deve pedir a convocação de uma nova assembleia de sócios para tentar retomar a maioria no conselho de administração.
Fundador da GVT
Israelense radicado no Brasil, Amos Genish ganhou notoriedade, no final da década de 1990, com a fundação da GVT, junto com Shaul Shani, em Curitiba. Eles aproveitaram o período de privatização do setor brasileiro de telecomunicações para entrar no segmento de telefonia fixa. Conseguiram, na época, a licença para oferecer o serviço em nove estados por apenas R$ 100 mil, com a contrapartida de investir US$ 600 milhões ao longo dos anos.
Nos anos seguintes, à frente da GVT, Genish transformou a operadora paranaense em um dos principais players do setor. Em 2009, vendeu 57,5% das ações da empresa à Vivendi por R$ 7,5 bilhões e continuou na gestão no negócio paranaense, que passou a ser controlado pelos franceses.
Após assumir a Vivo no Brasil, o executivo se tornou uma espécie de “guru” do setor de telefonia, à frente do movimento para transformar as operadoras de telefonia em provedoras de serviços digitais — abandonando o modelo tradicional de negócio baseado em voz para focar no desenvolvimento de serviços digitais. Recentemente, a Gazeta do Povo mostrou como este modelo ganhou centralidade na estratégia da Vivo, nos últimos anos (Amos saiu da empresa em 2017, quando passou o bastão para Eduardo Navarro).
O executivo assumiu a presidência global da Telecom Italia em julho de 2017, quando substituiu o italiano Flavio Cattaneo. Sua escolha foi pensada para promover uma alteração profunda no modelo de negócios da companhia, tanto na Italia quanto no Brasil, onde é dona da TIM.